“Decidimos criar um projeto porque constatámos uma real necessidade no terreno, nos últimos meses – a de ajudar as pessoas com esta doença que nos aparecem na junta e que, depois, não sabem como voltar a casa”, explicou António Parada, presidente da junta de Matosinhos e impulsionador da iniciativa. “Muitas vezes, colocámos o motorista da junta à disposição destes cidadãos e acabamos por ter de deixá-los na PSP, uma vez que não conseguem realmente fornecer as indicações reais das suas habitações”, acrescentou, sublinhando que, quando os doentes não são de Matosinhos, a situação se torna ainda mais complicada.
Carteira com GPS e documentos ajudará a localizar idosos
O projeto consistirá na oferta de uma carteira que terá um chip, “disfarçado”, de modo a que, se a pessoa começar a demorar muito a chegar a casa, a família e a própria junta possam aceder a um computador e localizar o doente, através de uma password. “Trata-se de uma resposta pró-ativa para uma realidade que se estende a todo o país, já que, em Portugal, existem cerca de 90 mil doentes de Alzheimer, de acordo com a associação nacional da respetiva doença.
O dispositivo poderá ser carregado apenas ao fim-de-semana. Na carteira oferecida ao doente haverá ainda uma fotocópia do Cartão de Cidadão e informações relativas, por exemplo, à medicação do idoso, de modo a facilitar a atuação de alguma pessoa que o possa encontrar e apoiar.
Ainda assim, segundo António Parada, as potencialidades da iniciativa não ficam por aqui. “Os doentes têm uma rotina criada – vão ao café, comprar o jornal – e só se perdem quando fogem a essa rotina. Portanto, sempre que o doente sair do perímetro traçado pela rotina, o familiar receberá um sms de alerta”, adiantou. “Se, por algum motivo, o familiar não puder ir buscar o doente, por estar a trabalhar, a junta encarregar-se-á de o fazer”, acrescentou o criador do projeto, que será apresentado no próximo dia 30 de março, às 11 horas, em Matosinhos.
Projeto de apoio aos idosos que moram sozinhos quase finalizado
Além da iniciativa de apoio social aos doentes com Alzheimer, o presidente da junta está ainda a trabalhar noutra proposta de auxílio aos idosos que vivem sozinhos. Apesar de não querer ainda adiantar muitos pormenores, António Parada esclareceu que, “no caso de essas pessoas não se mexerem ao fim de dez horas, a junta alertará a família”.
Mariana Albuquerque