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Diogo Dalot: o passo óbvio e natural

Diogo Dalot: o passo óbvio e natural

A transferência de Diogo Dalot do FC Porto para o Manchester United não teve, certamente, o mesmo destaque mediático que a ida de Cristiano Ronaldo para a Juventus. Mas, num certo sentido, não deixou de ser menos impressionante. Um defesa de apenas 19 anos vê um colosso como o Manchester United “bater” a sua cláusula de rescisão – nada menos que 22 milhões de euros! – após jogar apenas meia época na equipa principal dos dragões, e vê-se agora num dos maiores clubes do mundo.

É claro que o facto de o Manchester ser treinado por José Mourinho, que não só é português como conhece bem os cantos “da casa”, terá ajudado a orientar o foco em direção ao jovem Dalot. Mas não deixa de ser um reconhecimento ao trabalho que tem vindo a desenvolver e ao seu enorme potencial. E é obviamente mais um prémio, também, para todo o sistema de formação do futebol juvenil dos azuis e brancos.

O Manchester aos 19 anos: a sorte grande?

Sair de Portugal aos 19 anos para ir jogar no Manchester United parece o equivalente, para um jogador de futebol, a jogar numa lotaria online e conseguir o super prémio tão desejado. Será que vai ter sucesso? É cedo para saber, e nem todos conseguem; basta ver o exemplo recente de Renato Sanches e o exemplo mais antigo de Bebé, um “antecessor” português de Dalot em Old Trafford. Será que teria outras oportunidades no futuro? Talvez sim; mas não se diz, com tanta frequência, que estas oportunidades são “o comboio que só passa uma vez na vida”?

A pirâmide do futebol moderno

Já leva mais de 20 anos a dinâmica regular de exportação de futebolistas portugueses para clubes estrangeiros; Em alguns casos para o topo do futebol europeu, em muitos outros para os campeonatos mais diversos (Roménia, Chipre, Vietname, etc). Na verdade, oportunidades em clubes ao nível do Manchester United são mais frequentes, mas continuam a ser muito raras. Pode dizer-se que, com efeito, Diogo Dalot conseguiu o prémio do Euromilhões.

O jogador recebeu algumas críticas nas redes sociais; os críticos questionam o “timing” da transferência e acusam-no de só pensar no dinheiro. Todavia, já se torna algo ingénuo ou “naif” querer acreditar no jogador que representará a camisola do “seu” clube por toda a vida. O futebol ultra-profissional do nosso tempo está organizado em pirâmide, com os futebolistas de base a querem chegar aos clubes da Liga, e daí aos três grandes, e daí a um grande da Europa. Há muitos anos que é assim, principalmente depois da Lei Bosman, e é assim em toda a Europa, com a América Latina obviamente incluída – já é estafada a imagem do “trampolim” que a Liga Portuguesa representa para os mais ambiciosos futebolistas mexicanos, brasileiros, etc., que a demandam.

Boa sorte para Dalot; esperamos que possa vir a ser um elemento chave da Seleção Nacional e, quem sabe, que algum mecanismo de compensação da FIFA possa garantir ao FC Porto uma percentagem de futuras transferências.

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