
O debate do Dia Mundial do Combate às Drogas prevê um painel onde estarão presentes diversos especialistas, entre eles, João Curto, presidente da Associação Portuguesa de Adictologia, Jesus Cartelle, coordenador científico da Clínica do Outeiro, Jorge Barbosa, coordenador do Centro de Respostas Integradas Porto Oriental, do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos, e Sérgio Oliveira, diretor da Revista Dependências, para juntos “abordarem questões, analisarem os números e preparar repostas face aos últimos números revelados pela União Europeia, no Relatório Europeu de Drogas 2017 – Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência”.
Segundo o relatório anual divulgado, os valores do último ano revelam que mais de 93 milhões de europeus já experimentaram algum tipo de droga ilícita. Pelo terceiro ano consecutivo aumentou o número de casos de morte por overdose na Europa e, só em Portugal, registaram-se no ano passado 39 mortes induzidas por droga.
Está em cima da mesa a análise crítica a uma das temáticas mais prementes e centrais da sociedade portuguesa e da União Europeia, onde, mais de um quarto da população já experimentou drogas ilícitas pelo menos uma vez na vida.
Segundo nota enviada à imprensa, a ‘cannabis’ é a droga mais experimentada, seguida da cocaína. E os dados são alarmantes: no último ano 23,5 milhões consumiram ‘cannabis’, enquanto 87,7 milhões tiveram, ao menos, uma experiência.
“Mas não ficamos por aqui e os números continuam inquietantes: no último ano 14 milhões consumiram MDMA, mais conhecida por ecstasy e 1,8 milhões consumiram anfetaminas. Existem ainda na União Europeia mais de 1,3 milhões de consumidores de opiáceos de alto risco, estando presentes em 81% de overdoses fatais”, pode ler-se na nota.
De acordo com o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, Portugal está ao lado da Holanda, entre os 10 países europeus acima da média, no tratamento de substituição de opiáceos para consumidores de alto risco, mas o número de doentes tratados baixou 25% desde 2010, o que pode representar uma diminuição no número de doentes crónicos. O que se mantém preocupante é o número de novas drogas detetadas. Portugal está também no top 10 das apreensões de droga, no que diz respeito a cocaína e resina de cannabis, o que se explica por ser um dos pontos de entrada de droga no velho continente.
Em 2016, o Sistema de Alerta Rápido da União Europeia detetou 66 novas substâncias desconhecidas, o que dá uma média superior a uma nova droga por cada semana do ano.
“Falamos de drogas cada vez mais potentes e perigosas, não são abrangidas pelo controlo internacional, que incluem uma vasta gama de substâncias sintéticas, geralmente produzidas a granel por empresas químicas e farmacêuticas da China”, conclui a nota.