De acordo com Francisca Fernandes, presidente do conselho de administração do TNSJ, apesar de, este ano, o valor da indemnização compensatória ser semelhante ao de 2012, será necessário “acomodar uma redução orçamental de cerca de 310 mil euros”, motivada 
pelo aumento dos custos com o pessoal, pelo fim do protocolo de apoio mecenático com a ANA – sendo que a instituição ainda não conseguiu angariar outro mecenas – e pela cativação de cerca de 50 mil euros imposta pela execução orçamental. Ainda assim, realçou a responsável, “a atividade planeada para todo o ano 2013 prevê ainda a realização de 59 espetáculos”, estando previsto um aumento de 20% do volume de receitas de bilheteira.
E para assinalar o arranque de um novo momento de programação, a entidade inaugurou a exposição “Fernanda Alves – Imagens, Sons, Imprecações”, numa “convocação sobreposta de paisagens visuais e sonoras amplificadas pela sua ausência, tão forte quanto em vida a sua presença”. A mostra, que estará disponível até ao dia 21 de abril, retrata dois grandes momentos da vida da conhecida atriz – a ascensão e a maturidade, pelo olhar fotográfico de J. Marques e João Tuna. “Procurou-se que a exposição não fosse exaustivamente iconográfica, museológica, mas sim o testemunho da presença do espírito de uma atriz que, mesmo apesar da sua idade, partilhava o entusiasmo, a descoberta e o saber fazer com atores de gerações tão diversas”, explicou o diretor artístico do TNSJ, Nuno Carinhas.
A instalação surge depois da apresentação da peça “Fernanda – Quem falará de nós, os últimos?”, por Joana Carvalho e Fernando Mora Ramos, numa vivificação cénica que, “contra todas as lógicas dos sucessos”, retrata a dor definitiva da perda. “O que acontece ali é autêntico, é humano e o teatro também é isso”, afirmou o ator e encenador Fernando Mora Ramos, também presente na apresentação da agenda do TNSJ.
De 4 a 11 de abril, o Mosteiro de São Bento da Vitória vai receber “Madalena”, a partir de “Frei Luís de Sousa”, de Almeida Garrett. “Um espetáculo apontado para as escolas, para um público juvenil, mas não só e que tem como epicentro do drama a personagem feminina Madalena”, descreveu Nuno Carinhas.
Em estreia absoluta, o Teatro Carlos Alberto apresentará, de 5 a 14 de abril, “Gertrude”, peça inspirada em “Hamlet”, de William Shakespeare. Encenada por Simão Do Vale, jovem criador teatral que vem fazendo o seu percurso formativo e artístico em Itália, a performance “coloca a relação de Hamlet com a sua ‘mãe poluída’, enfronhada em ‘lençóis incestuosos’, no centro de uma dramaturgia tão perigosa quanto os fados das suas personagens”. “Para mim, que sou homem, a imagem de uma mãe, que vive todas aquelas complicações, é quase esotérica e é uma coisa da qual eu não me posso apropriar. Os seus problemas não me pertencem. Passa tudo a ser algo etéreo. E isso é um desafio muito particular”, afirmou Simão Do Vale, acrescentando que um dos objetivos da peça é o de permitir ao público ouvir, no mesmo espaço de tempo e no mesmo espaço geográfico, as línguas portuguesa e italiana “em comunhão”.
À luz da interrogação “Quem somos?”, o criador Marco Martins apresentará, de 11 a 28 de abril, no TNSJ, a peça “Rosencrantz & Guildenstern Estão Mortos”, de Tom Stoppard, numa reflexão em cena “sobre os labirintos da identidade e a vertigem da representação”, que contará com interpretações de Gonçalo Waddington, Nuno Lopes, Bruno Nogueira e Beatriz Batarda, entre outros.
“Muitos e performativos Brasis” agrupados em cinco ciclos
Nos próximos meses, o Teatro Nacional São João vai refletir a influência do Ano do Brasil em Portugal, através de 26 espetáculos, reunidos em cinco diferentes ciclos, “para ver e ouvir durante 55 dias”. O ciclo infanto-juvenil integra as peças “O Menino que Vendia Palavras”, baseada no romance de 
Ignácio de Loyola Brandão, que chegará ao Mosteiro de São Bento da Vitória nos dias 17 e 18 de abril, e ainda “Fedegunda”, descrita no Brasil como “a opereta para crianças que os adultos adoram”. Com texto e direção de Karen Acioly, o espetáculo estará no Teatro Carlos Alberto a 8, 9, 11 e 12 de maio, contando a história de uma personagem “que perde o seu coração por tanto amar o que a rodeia”.
Em destaque no ciclo Dança, Música e Novas Linguagens estarão, por exemplo, os espetáculos “Tatyana” (de 3 a 5 de maio no TNSJ), “Miranda por Miranda” (4 e 5 de maio no TeCA) e “O que Você Gostaria que Ficasse” (a 16 e 17 do mesmo mês, no MSBV). No âmbito do Ciclo do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), vão subir ao palco do TNSJ, do TeCA e do Mosteiro de São Bento da Vitória produções de Salvador da Bahia, Minas Gerais, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, destacando-se a 
presença de Maria Bethânia, nos dias 7 e 8 de junho, para a interpretação de “Bethânia e as Palavras”, numa interligação de poemas de Fernando Pessoa e de Sophia de Mello Breyner com as suas canções.
Destaque ainda para o Ciclo Nelson Rodrigues, que inclui a apresentação, ao longo de maio, de peças como “A Mulher Sem Pecado” (dias 10 e 11), “Valsa n.º 6” (a 14 e 15) e “Toda Nudez Será Castigada” (agendada para 22 e 23).
Texto: Mariana Albuquerque | Fotos: TNSJ
