
Com apenas frutos secos ou uma mistura destes com frutas cristalizadas, de chocolate, de maçã ou mesmo escangalhado. As opções são várias e pretendem agradar a todo o tipo de gostos. O bolo-rei é, sem sombra de dúvida, o rei da mesa de Natal portuguesa. Apreciado por muitos, odiado por outros, quer se queira quer não, é um símbolo incontornável do país há mais de 150 anos e, por isso, merece ser uma atenção especial nesta quadra festiva.
Por acaso sabia que esta famosa iguaria não é portuguesa? Que a sua origem já tem quase dois mil anos e que, segundo a lenda, teve origem nos três Reis Magos?
Pois é… De acordo com a lenda, o bolo-rei representa Baltazar, Gaspar e Belchior e os presentes que levaram ao menino Jesus no dia do seu nascimento. Assim, cada parte do bolo rei representa estes três presentes. A côdea, por causa do seu tom dourado, simboliza o ouro, as frutas cristalizadas a mirra e o aroma o incenso.

Contudo, parece que os primeiros registos do bolo-rei remontam ao tempo dos festejos do povo romano, que usava favas “(símbolo da fecundidade) dentro de um bolo para eleger o rei da festa durante os banquetes saturnais”, sublinha O Sapo.
A Igreja Católica terá, por sua vez, associado este jogo, característico do mês de dezembro, à época entre o Natal e o Dia dos Reis. “A igreja determinou que esta última data fosse designada por Dia dos Reis, cujo símbolo era a introdução de uma fava num bolo, mas cuja receita ficou perdida ao longo dos anos”.
De acordo com a publicação, apesar dos antigos registos históricos, os primeiros grandes vestígios deste doce adornado com frutas cristalizadas surgiram em França, no século XVI, durante o reinado de D. Luís XIV.
No entanto, parece que, com a chegada da revolução francesa, em 1789, o bolo-rei foi proibido, devido à atribuição da palavra “rei”, uma vez que se pretendia “apagar qualquer vestígio da monarquia”. Ainda assim, várias pastelarias continuaram a confecioná-lo, dando-lhe uma nova designação.
O mesmo aconteceu também em Portugal, que acolheu esta iguaria na segunda metade do século XVIII, e começou a atribuir nomes como “Bolo Nacional”, “Bolo de Natal”, “Bolo de Ano Novo” e “Ex-Bolo-Rei”.
Uma das primeiras casas a confecionar e vender esta iguaria terá sido a Confeitaria Nacional, em Lisboa, através do francês Gregório, recrutado por um filho do proprietário. Assim, rapidamente começou a ser comercializado, com um a fava no interior, símbolo, dizem, de sorte para quem os encontrasse.
Em 2001, a introdução deste tipo de brindes foi proibida em todos os produtos alimentares, depois de, em 1999, se ter dado exceção ao bolo-rei, “por razões de reconhecida tradição cultural”.
Aproveite e aventure-se a fazer um bolo-rei em casa com esta receita deliciosa do Pingo Doce:

Ingredientes
175 g mistura de frutas cristalizadas
1 dl vinho do Porto
30 g fermento de padeiro
750 g farinha sem fermento
150 g margarina
150 g açúcar
5 ovos M
raspas de 1 laranja
raspas de 1 limão
1 c. sobremesa de sal
100 g de miolo de pinhão Pingo Doce
100 g de miolo de noz Pingo Doce
100 g de amêndoa laminada Pingo Doce
100 g de sultana dourada Pingo Doce
50 g açúcar em pó
Passo a passo
1.Pique as frutas cristalizadas, tendo o cuidado de deixar algumas de parte para decorar o bolo-rei;
2.Misture as frutas cristalizadas e deixe a macerar com o vinho do Porto;
3.Dissolva o fermento de padeiro em 1 dl de água morna e junte-lhe uma chávena de farinha. Misture bem, tape com película aderente e deixe levedar num lugar quente durante 15 minutos;
4.Bata a margarina com o açúcar e junte os quatro ovos um a um;
5.Adicione as raspas de limão e laranja;
6.Envolva a mistura do fermento (entretanto já levedada);
7.Adicione a restante farinha e o sal. Ligue bem a massa até que a mistura fique elástica e macia. Se preferir pode amassar com uma colher;
8.Junte as frutas maceradas e volte a amassar;
9.Pique os frutos secos (reserve parte para decorar) e envolva. Molde a massa em forma de bola, polvilhe-a com farinha e tape-a com película aderente, deixando levedar durante 3 horas ou até duplicar de volume;
10.Coloque a forma num tabuleiro de forno forrado com papel vegetal e e faça um buraco no centro;
11.Pré-aqueça o forno a 180º C. Pincele o bolo com a gema de ovo batida e enfeite toda a superfície com as restantes frutas cristalizadas e frutos secos;
12.Coloque o açúcar em pó em três montinhos por cima do bolo-rei e leve-o ao forno durante 35 a 45 minutos;
13.Deixe arrefecer antes de servir. Em média este bolo-rei dará 15 fatias.