Há quatro décadas, o Aniki Bobó, um icónico bar da Ribeira gerido pelo lendário Becas, recebia um jovem grupo de músicos de Cascais que rapidamente deixou o anonimato. Os Delfins, formados oficialmente em 1984, tornaram-se uma das bandas mais marcantes da música portuguesa. Em abril deste ano, a banda esgotou a MEO Arena, em Lisboa, e seguiu para o Porto, onde celebraram 40 anos de carreira. Fernando Cunha, guitarrista e vocalista, refletiu sobre a longevidade do grupo, destacando o prazer que ainda sentem ao atuar e a importância de permanecer na memória coletiva do público.
Com o passar dos anos, a banda sofreu algumas mudanças na sua formação original, mas manteve a sua essência intacta. Além de Fernando Cunha e Miguel Ângelo, a atual formação inclui Rui Fadigas no baixo, Dora Fidalgo na voz, Jorge Quadros na bateria e Luís Sampaio nas teclas. Para o concerto no Porto, a banda prometeu uma viagem pelos seus maiores êxitos, particularmente os que definiram a sua sonoridade entre 1987 e 2000, reservando também algumas surpresas para os fãs.
Entre essas surpresas, estavam novas versões de alguns dos seus clássicos, que integram o seu mais recente álbum, A Nossa Vez. Lançado no início de abril, o disco contou com a colaboração de vários artistas convidados, que trouxeram uma nova interpretação aos temas históricos da banda. Cunha revelou que a ideia para o álbum partiu da Sony, que quis prestar um tributo aos Delfins, e que o título do álbum, A Nossa Vez, simbolizando o momento dos jovens músicos poderem dar uma nova vida às músicas da banda.
O álbum contou com a participação de artistas como João Maria Ferreira (Benji Price), Xtinto, Beatriz Rosário, e Curt Davis, que recriaram sucessos como “Nasce Selvagem”, “Saber Amar” e “A Baía de Cascais”. Cunha evitou revelar mais detalhes sobre o que aconteceria no palco do Porto, mas garantiu que os fãs poderiam esperar ouvir algumas dessas reinterpretações ao vivo, prometendo um espetáculo repleto de dinamismo.
O músico também adiantou que o concerto no Porto seria uma experiência para cantar do início ao fim, com algumas mudanças no alinhamento em relação ao espetáculo de Lisboa. Para além dos êxitos mais conhecidos, a banda planeou incluir alguns singles menos óbvios, mantendo a produção ao nível de grandes espetáculos, mesmo com a capacidade mais reduzida da Super Bock Arena.
O concerto, marcado para 21 de setembro, foi uma grande celebração da carreira dos Delfins, com destaque para canções emblemáticas como “Sou Como um Rio”, “Nasce Selvagem” e “A Cor Azul”. A banda, formada em plena adolescência, superou as suas próprias expectativas, segundo Cunha, e deixa uma marca duradoura na música portuguesa.
O último concerto dos Delfins aconteceu em 2009, na sua terra natal, Cascais. Em 2019, a Câmara Municipal de Cascais convidou a banda para um concerto de homenagem com a Orquestra Sinfónica, mas o regresso oficial aos palcos, previsto para 2020 no Rock in Rio, acabou por ser adiado devido à pandemia, só acontecendo em 2022.
Desde então, os Delfins têm sido convidados a participar em vários festivais e eventos pelo país, e o concerto na MEO Arena foi um marco especial, sendo a primeira vez que atuaram nesse palco, esgotando completamente a sala. Cunha destacou que apesar do passar dos anos a música da banda continua a alcançar novas gerações, mostrando que as suas letras ainda ressoam com os mais jovens.