Em abril de 2015 um ato de vandalismo destruiu o cruzeiro quinhentista do Mosteiro de Leça do Balio, monumento nacional desde 1910 e um dos mais notáveis exemplos da arquitetura gótica portuguesa. Feito em pedra de Ançã, com imagem de Cristo e decoração de motivos florais, o cruzeiro foi esculpido por Diogo Pires, o Moço, que terá aprendido a arte da escultura com o seu pai, Diogo Pires, o Velho, autor da famosa imagem de Nossa Senhora da Conceição, que pertenceu ao extinto Convento da Conceição de Leça e que, atualmente, se encontra na igreja paroquial de Leça da Palmeira, salienta a Câmara Municipal de Matosinhos.
Entre 1511 e 1522, executou várias esculturas como, entre outras, o padrão da ponte de Coimbra (1513), o túmulo do Bispo de Fez, D. Álvaro (c. 1515) ou o túmulo de Diogo de Azambuja (1518). Ainda no ano de 1515, nota a autarquia, Diogo Pires executou uma grande encomenda, feita pelo Prior do Crato, Comendador de Leça e Cavaleiro da Ordem dos Cavaleiros Hospitalários de S. João de Jerusalém, Dom Frei João Coelho: o túmulo de Dom Frei João Coelho no Mosteiro de Leça do Balio assim como uma pia batismal, uma pia de água benta e o cruzeiro no exterior do Mosteiro.
Recorde-se que em 1912, o cruzeiro sofreu alguns danos e, em 1939, voltou a ser danificado, recebendo o primeiro restauro. Contudo, os maiores danos terão ocorrido em 1964 com a peça a sofrer, por duas vezes, atos de vandalismo e a ser derrubada com violência. Em 1966, foi novamente reconstruída, tendo sido, inclusive, “colocada uma cobertura e uma grade protetora para evitar a sua degradação”.
Mas, apesar dos “sucessivos, e por vezes, desadequados, trabalhos de restauro e de reconstrução”, a degradação da peça escultórica foi sendo progressiva, motivo pelo qual, a Câmara Municipal de Matosinhos, em articulação com a Direção Regional da Cultura do Norte (DRCN), procedeu a um novo restauro do cruzeiro.
A operação em causa incluiu “um estudo prévio do estado de conservação da peça e da metodologia de restauro”, a cargo da oficina Samthiago – Ateliê de Conservação e Restauro, e a utilização de “materiais mais adequados às novas metodologias desenvolvidas na área da conservação e restauro”, uma forma de, segundo a autarquia, assegurar o futuro desta emblemática peça do património artístico do século XVI, que já pode ser vista nos “Hospitalários no Caminho de Santiago”, em Leça do Balio.