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Confinamento

Confinamento

Quando começou o confinamento senti-me sem “Chão”.

O Teatro encerrado, este meu “Chão” refiro-me ao Palco, meu local de trabalho. Dias e dias sem espetáculos, sem horários de ensaios a cumprir, parte da minha vida cancelada. E eu em casa na linda cidade de Lisboa sem sair.

Tive a sorte de ter um talho maravilhoso que me levava tudo a casa, não só carne como mel, Vinho e uma frutaria que também levavam a casa  e o serviço era gratuito.

Nunca me faltou nada em casa, pois a minha afilhada que vive três dias por semana comigo tinha no início de fevereiro feito as compras todas para nós e com o confinamento ela acabou por ficar na minha querida Terra de Horizonte e Mar Matosinhos, sua terra natal e também minha. Portanto nunca fui a um supermercado durante o confinamento. Nesse aspeto estava muito bem servida.

Todas as manhãs muito cedo ia à padaria, pois adoro pão e também foi uma forma para mim de sair de casa. E também passava na farmácia, pois no início, era difícil arranjar álcool 70 graus, máscaras etc…tudo no bairro.

Voltava a casa e então hoje que fazer? Lavar mãos, desinfeta máscara, lava chão de casa, casa de banho, maçanetas das portas, sapatos lá fora a arejar durante toda a noite, cozinhar, lavar legumes e fruta com vinagre e várias águas. UMA TRABALHEIRA!!!

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Felizmente que mal acordo faço todos os dias 30 minutos de ginástica em casa, duche, padaria e pequeno-almoço. Ao final da tarde, saía todos os dias para dar um passeio sempre no bairro e era assustador. Ninguém nas ruas e as luzes das casas todas apagadas, um silêncio absoluto. Era eu e as ruas vazias!

Passei razoavelmente o confinamento. O que me fez sofrer mesmo durante esse tempo foi a SAUDADE. Por vezes dava por mim a chorar de saudade dos meus irmãos, dos meus sobrinhos e dos sobrinhos-netos, dos meus primos e dos meus amigos espalhados por esse mundo fora. O que me safava para matar essa saudade era ouvi-los, a voz. Claro que lhes ligava mas não chega.

É preciso sim beijarmo-nos, abraçarmo-nos, olharmo-nos e sentir que estamos VIVOS e RESISTIREMOS, SIM.

Sobre a política cultural continuo a lutar desde que sou profissional por uma política efetiva para o nosso país. Tem de acabar esta coisa inventada dos lobbies que é um cancro que se meteu dentro do panorama artístico, que nada criam, não são atores nem atrizes, mas que nos sacaram os nossos locais de trabalho que são os palcos deste país. Basta de acharem que os artistas são uns coitadinhos, vamos lá dar-lhes umas migalhas do orçamento e está tudo feito. Não meus senhores está tudo por fazer!!!
A CULTURA MEUS SENHORES TAMBÉM GERA MUITO DINHEIRO, mas a nossa maior riqueza é que A CULTURA É O PILAR DO DESENVOLVIMENTO DOS POVOS.

Paula Guedes
Atriz

(Fotos: Arquivo)

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