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Como é que França invadiu o Porto há mais de 200 anos

Como é que França invadiu o Porto há mais de 200 anos

Para valorizar o presente, por vezes, é preciso voltar atrás no tempo e recordar o passado. Por falar no passado, é impossível mencioná-lo sem nos recordarmos do período das Invasões Francesas, que muito marcou a cidade. No entanto, vamos por partes.

A Revolução Francesa, que teve início em 1789 com o objetivo de derrubar a monarquia e estabelecer a República, sofreu uma reviravolta em 1804, quando Napoleão se proclamou imperador e colocou os seus irmãos como reis em vários territórios.

Em 1806, Napoleão impôs um bloqueio aos navios britânicos com o objetivo de prejudicar o comércio da Inglaterra, já que derrotá-la militarmente era complicado. O príncipe regente português, D. João, tentou resistir à pressão, mas acabou por ceder e aderiu ao bloqueio.

Como consequência, as tropas franco-espanholas, lideradas por Junot, invadiram Portugal, porém a corte portuguesa já havia fugido para o Brasil. D. João ordenou que os franceses fossem recebidos de forma pacífica.

Assim, quando as tropas de Taranco e Quesnel chegaram ao Porto, foram alojadas em conventos, mosteiros e casas que estavam desocupadas. No entanto, os abusos cometidos pelos soldados resultaram na perseguição de quem era visto como simpatizante dos franceses durante a Restauração de 1808 (via Câmara do Porto).

A verdadeira insurreição começou no Porto em junho de 1808, quando a Junta Suprema passou a exercer o poder no país. A cidade recebeu exércitos britânicos e tropas das províncias portuguesas que se reportavam ao bispo, presidente da junta governativa.

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Em 1809, as tropas de Soult chegaram ao Porto, após conquistarem Chaves e Braga, e a população terá entrado em pânico, como explica a mesma fonte informativa. Sem forças regulares suficientes, a defesa da cidade coube às milícias, que ergueram fortificações ao longo do rio Douro, sob as ordens do bispo.

O problema é que as forças francesas romperam essas mesmas defesas e saquearam o Porto por três dias. A população foi perseguida até à Ribeira e, para evitar a travessia dos franceses para a margem sul, a ponte das barcas foi destruída. Isso levou à tragédia de 29 de março de 1809, quando centenas de pessoas caíram no rio e morreram.

Entre março e maio de 1809, Soult ocupou o Porto, instalando-se no Palácio dos Morais e Castro (Carrancas), e formou uma guarda chamada Legião do Douro. Quando Wellesley chegou à margem sul do rio, Soult fugiu, abandonando milhares de feridos. O general Trant então restabeleceu a ordem na cidade.

A terceira invasão francesa, liderada por Massena, entrou por terras do norte, mas não chegou ao Porto, pois as tropas de Wellesley a dispersaram antes de cercá-las em Torres Vedras.

Entre 1812 e 1814, a cidade enfrentou graves dificuldades, como a falta de alimentos para acolher os migrantes que chegavam do interior. O Porto também sofreu com o aumento da mendicidade, do banditismo e das deserções. As invasões francesas deixaram a cidade devastada, alterando profundamente a sua organização e valores.

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