O Cineclube do Porto celebra esta segunda-feira, dia 13 de abril, o seu 75º aniversário mas as medidas de combate à propagação da Covid-19 obrigaram ao adiamento do programa de comemorações daquele que é o mais antigo cineclube português em funcionamento.
A celebração está agora marcada para o segundo semestre de 2020, com um programa de relevo, com destaque para o lançamento de um livro sobre os 75 anos do Cineclube do Porto, com artigos originais de investigadores e personalidades de destaque na área do Cinema e que tem como entidades parceiras o Instituto do Cinema e do Audiovisual, o Município do Porto e a Direção Regional de Cultura do Norte.
Está também prevista a exibição de uma versão restaurada do filme “Auto da Floripes”, na Casa da Artes, que será também lançada em DVD. Gravado no verão de 1959 em Viana do Castelo e estreado em maio de 1963 no Cinema Trindade, no Porto, o filme é um registo ímpar do cinema português, a partir de uma ideia original de Henrique Alves Costa.
Em 1945, Hipólito Duarte, sócio fundador da instituição, dava conta da criação do primeiro Cineclube português. “Para o fundar foram precisos os sacrifícios de meia-dúzia de carolas… para o manter serão precisos os sacrifícios de todos os verdadeiros Amigos do Cinema”, lia-se no texto do 1.º número do boletim “Projector”.
“Em 2020, com 200 sócios ativos e um público alargado, o Cineclube do Porto está vivo e de boa saúde, responsável por uma programação de qualidade e atividade regular e diversificada, que tem dado um importante contributo para a internacionalização do Cinema Português”, refere o comunicado enviado à VIVA!.
“O Cineclube hoje mantém o espírito inicial de quando foi criado em 1945 por um grupo de jovens amantes de cinema. Continua a ser uma associação gerida por um conjunto de entusiastas que querem partilhar com o outro a experiência do cinema em todas as suas componentes: criação, exibição e crítica”, explica a direção do Cineclube.
O grande desafio para o futuro continua a ser “de ordem material e financeira”. O Cineclube identifica a sociedade cada vez mais individualista e a “dificuldade de envolver novas gerações na atividade associativista e cineclubista” como um dos maiores obstáculos que a estrutura tem vindo a trabalhar para ultrapassar, envolvendo cada vez mais o público na sua atividade regular, fazendo crescer as parcerias e “adaptando-se continuamente a um público cinéfilo novo e mais exigente”.
De referir que nos últimos 15 anos, a Direção do Cineclube reativou a programação da associação, com sessões regulares, primeiro no Cinema Passos Manuel e depois na sala Henrique Alves Costa da Casa das Artes no Porto, tendo vindo a privilegiar, desde 2014, o tratamento e arquivo do seu extenso acervo – com mais de 5.000 títulos exclusivamente dedicados ao cinema -, agora disponível para consulta por cinéfilos e investigadores.
O acervo do Clube Português de Cinematografia – Cineclube do Porto é composto por material de arquivo, como linogravuras e serigrafias de trabalhos de Alice Sousa, Armando Alves, Adelino Felgueiras, António Bronze, Ângelo de Sousa para as folhas de sala do Cineclube, mas também por uma extensa biblioteca.
Do acervo faz ainda parte equipamento de cinema e um extenso espólio fílmico com películas originais, bem como alguns objetos de valor que ficaram à guarda do Cineclube, entre os quais se destacam o espólio de Vasco Branco ou o par de lunetas do pioneiro do Cinema Português Aurélio Paz dos Reis, juntamente com alguns exemplares originais de documentos da “Flora Portuense”.
Desde 2014 o Cineclube estabeleceu protocolos de depósito e tratamento, tendo a Casa do Infante (Arquivo Municipal do Porto) ficado responsável pelo arquivo e biblioteca, o m|i|mo – Museu da Imagem em Movimento, em Leiria, recebido o equipamento e a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema ficado responsável pelo acervo fílmico.
O Cineclube acolhe ainda diversos festivais de cinema, como a 8 1⁄2 – Festa do Cinema Italiano, o BEAST – Festival Internacional de Cinema, a Festa do Cinema Francês, a KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã ou o Festival Queer e o Indie Júnior. São também muitas as instituições com que a associação estabeleceu parcerias ao longo dos últimos anos, entre elas a Agência da Curta Metragem, Casa da Animação, Universidade do Porto, Casa da Música, Ruptura Silenciosa, Árvore – Cooperativa de Atividades Artísticas, Cinemateca – Museu do Cinema, Instituto Camões, Instituto do Cinema e Audiovisual, m|i|mo – Museu da Imagem em Movimento e o Museu Nacional Soares dos Reis.
Foto: Marco Duarte