O Mercado de S. Sebastião, junto à Sé do Porto, começa a ser demolido no próximo mês de maio. A intervenção marca o arranque do projeto da futura “Avenida da Ponte”, uma das mais antigas feridas urbanas da cidade, cujo plano foi recentemente encomendado pela Câmara do Porto ao arquiteto Álvaro Siza.
A chamada “Avenida da Ponte” é um projeto urbanístico que remonta às décadas de 1930 e 40, quando várias demolições entre a Estação de São Bento e a Ponte Luís I abriram um vazio urbano com a promessa de uma nova avenida. Ao longo dos anos, múltiplos planos foram traçados por nomes como Fernando Távora e o próprio Siza Vieira, mas nenhum chegou a concretizar-se. O espaço manteve-se inacabado e sem uso definido durante quase um século.
Segundo o Porto Canal, está previsto um arranjo paisagístico provisório no local, que será articulado com o futuro projeto de loteamento da zona. A proposta será apresentada em junho por Álvaro Siza, primeiro arquiteto português a vencer o Prémio Pritzker. O contrato com o município, no valor de 300 mil euros (mais IVA), inclui o plano de loteamento e os projetos de especialidades.
De mercado promissor a espaço quase abandonado
O edifício atual foi projetado em 1986 por António Moura como uma estrutura de bancas cobertas. A versão em betão que hoje se conhece resulta de alterações feitas em 1995. Mas a tradição comercial da zona é bem mais antiga, herdeira direta do antigo Mercado de Levante da Rua Escura, que ocupava a área em frente à Sé com venda ambulante.
Nos anos 80, o CRUARB avançou com a remoção do mercado da Rua Escura por razões de higiene e trânsito, e construiu o novo espaço para albergar os comerciantes. Na altura, havia mais de 100 vendedores. Antes do encerramento definitivo, em 2023, restavam apenas cinco.
Agora, a demolição põe fim a um edifício que se tornou obsoleto e liberta espaço para um dos projetos urbanísticos mais aguardados do centro histórico.
