O uso de máscaras generalizou-se e está a marcar, profundamente, o ano de 2020. Afinal, são o rosto visível da maior pandemia vivida pela atual geração em todo o mundo. Foi precisamente por essa razão, e tendo em conta a reinvenção que foram obrigados a fazer, com o encerramento forçado das suas portas, que cinco museus portugueses se uniram para lançar a exposição “Um Mundo de Máscaras”, que inaugurou esta segunda-feira, 18 de maio, data em que se assinala o Dia Internacional dos Museus.
“O encerramento das portas do Museu da Farmácia obrigou-nos a redefinir toda a programação, passando o nosso foco para a produção de conteúdos digitais, por forma a garantir e facilitar o acesso à cultura”, explicou à VIVA! João Neto, diretor da instituição, que desafiou os Museus da Ciência da Universidade de Coimbra, da Marioneta, do Oriente e o Museu Nacional de Etnologia a juntarem-se a esta exposição, que tem como embaixadora Rosa Monteiro, secretária de Estado da Cidadania e Igualdade.
Sendo as máscaras alvo de grande destaque no Museu da Farmácia há já algum tempo e tendo em conta a pertinência da atualidade do tema, os promotores entenderam que faria “todo o sentido conceber uma exposição passível de ser disponibilizada online” e “associar esta iniciativa às comemorações do Dia Internacional dos Museus 2020”, que este ano é subordinada ao tema “Museus para a Igualdade: Diversidade de Inclusão”.
Citado em comunicado enviado à VIVA!, Gonçalo Magano, curador do Museu da Farmácia, explica que com esta exposição se pretende “promover uma ponte entre o presente e o passado, revelando um mundo de histórias dentro de um objecto, que se torna rosto da diversidade de museus e coleções em Portugal”. O objetivo, completa João Neto, é desmistificar a utilização deste objeto milenar que, noutros tempos, era usado com diversos objetivos, além da proteção.
“Ao desvendar as histórias por detrás de cada uma das máscaras em exposição, procurámos aproximar diferentes culturas e derrubar preconceitos, encontrar convergências e divergências nas suas funcionalidades, bem como perscrutar características que as tornam cúmplices entre si, independentemente da sua origem”, resume o diretor do Museu.
“O facto de a exposição ser online permite-nos mantermo-nos ativos, enquanto museu, junto dos nossos visitantes. Mostrar que a cultura e os museus merecem ser celebrados e explorados, mesmo com as portas físicas encerradas, trabalhando em conjunto, numa tentativa contínua de melhorar o acesso à cultura em Portugal”, refere João Neto, diretor do Museu da Farmácia.
Ao todo, a exposição apresenta mais de 30 máscaras provenientes de diferentes culturas. “Desde máscaras de rituais a máscaras de proteção, máscaras de tradição, máscaras de cerimónias, máscaras de ópera e de teatro, máscaras de xamãs, de curandeiros e de feiticeiros”, lê-se na nota divulgada.
De acordo com João Neto, destaca-se, “pela relação que tem com a situação atual que atravessamos”, a Máscara da Peste Negra, do Museu da Farmácia, uma vez que surgiu numa época em que a Europa conheceu uma das doenças que mais marcou a história da humanidade. “A Máscara da Peste Negra fazia parte de um traje de corpo completo, que pretendia proteger os médicos a partir do século XVII e tinha a particularidade de ter um bico comprido, no qual eram colocadas ervas aromáticas e palha, de forma a criar um composto que acreditavam ter a capacidade de filtrar o ar contaminado com os odores fétidos da peste negra, e assim, evitar o contágio”, explica.
A galeria de imagens é acompanhada de textos e vídeos sobre o seu significado e interesse histórico, o que, segundo o responsável, permitirá “compreender as ligações entre objetos tão distintos no tempo e no espaço, mas que na sua funcionalidade ou nas suas históricas encontram pontos comuns”.
“Um Mundo de Máscaras” foi lançada, online, esta segunda-feira, num website criado especificamente para o efeito (www.ummundodemascaras.com) e ficará disponível até ao final do mês de agosto.
A organização pretende possibilitar a visita presencial ao público ainda durante este ano, de forma a permitir “uma apreciação mais completa das peças”. Contudo, como realça João Neto, a materialização desta ideia dependerá da evolução da pandemia de covid-19.