O LHS 1140b, assim se chama o planeta, é uma “super Terra”, um tipo de exoplaneta (que gira em torno de uma estrela que não é o Sol, portanto noutro sistema solar) com uma massa compreendida entre uma a dez vezes a massa da Terra.
De acordo com os investigadores, o LHS 1140b, que transita a estrela anã vermelha (estrela com pequena massa e de temperatura “baixa”) LHS 1140, a menos de 40 anos-luz de distância da Terra, terá pelo menos cinco mil milhões de anos, um diâmetro de quase 18 mil quilómetros (cerca de 1,4 vezes maior que a Terra) e 6,6 vezes mais densidade que o nosso planeta.
As observações permitiram ainda determinar que este exoplaneta orbita a sua estrela a uma distância dez vezes mais próxima do que a Terra orbita o Sol, completando uma órbita a cada 25 dias.
De acordo com Nuno Santos, investigador do polo do Porto do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), instituição envolvida no projeto, “a distância a que o planeta está da sua estrela permite-nos calcular que a sua temperatura pode possibilitar a presença de água líquida à superfície”.
Apesar de, atualmente, a estrela rodar mais lentamente e emitir menos radiação de alta energia do que outras estrelas de pequena massa, no início da sua vida seria “bem mais ativa”.
Essa atividade possibilitava uma emissão de radiação capaz de destruir a água existente na atmosfera do planeta, o que originaria um efeito de estufa descontrolado, semelhante ao observado em Vénus.
“No entanto, o diâmetro do planeta indica que um escaldante oceano de magma pode ter existido à superfície durante milhões de anos, libertando vapor de água para a atmosfera durante tempo suficiente para continuar a abastecer a atmosfera”, explica o IA, em comunicado.
A água pode então ter passado ao estado líquido depois do planeta arrefecer, tornando-o potencialmente habitável e um “excelente candidato” a futuros estudos para procurar sinais de vida.
O exoplaneta LHS 1140b foi detetado pelo observatório MEarth através do método dos trânsitos, que permitiu calcular o diâmetro deste planeta. A descoberta foi depois confirmada pelo espectrógrafo HARPS (ESO), que através de observações com o método das velocidades radiais permitiu a determinação da sua massa e período orbital. Com dados da massa e do diâmetro, a equipa calculou a densidade do planeta, determinando que este será uma super Terra.
Esta descoberta deu origem ao artigo “A temperate rocky super-Earth transiting a nearby cool star”, publicado esta semana na revista científica Nature.
Para além de Nuno Santos, a equipa é composta por investigadores dos Estados Unidos, da França, da Suiça, da Austrália e de Espanha.