PUB
Santander fevereiro e março2

Cemitério “improvisado” no Porto na época de D.Pedro IV está em escavações

Cemitério

Conforme publicado pela Câmara do Porto, no seu portal de notícias oficial, foi descoberto um cemitério “improvisado”, que teve uso em 1833. Este foi encontrado à beira da Biblioteca Pública Municipal do Porto (BPMP).

Como explica a autarquia, este serviu para enterrar pessoas que foram vítimas da epidemia de cólera que se fez viver na época em questão. Recorde-se que os achados arqueológicos foram vistos em 2003 e 2004, no entanto, só agora é que houve lugar ao recomeço dos trabalhos.

À data de escrita do artigo, a Câmara do Porto refere que já foram exumados 63 corpos. Contudo,  os investigadores alertam que os números não deverão ficar por aqui. Segundo o arqueólogo responsável pelas escavações, “trata-se de uma ação de arqueologia preventiva”.

José Carvalho acrescenta que estas escavações antes da intervenção são importantes, de maneira a que haja “compatibilização entre a obra e a preservação do património”. As obras em questão levarão a uma requalificação e ampliação da BPMP.

De forma a contextualizar a história do espaço, José Carvalho indica que “este convento ficou desocupado e, em 1833, deu-se aqui um episódio histórico muito importante: o Cerco do Porto. Na altura, vivia-se em condições muito difíceis, que foram agravadas por uma epidemia de cólera, levando à morte de muitas pessoas”. 

“Uma das medidas tomadas pelo rei D. Pedro IV foi criar um cemitério para fazer face a esta calamidade” – explica. Como dito anteriormente, tratou-se de um cemitério “improvisado”, que apenas funcionou até 1835, ou seja, durante cerca de 2 anos.

PUBLICIDADE - CONTINUE A LEITURA A SEGUIR

Quem também fala sobre este cemitério é Sofia Nogueira. A antropóloga recorda que, entre 2003 e 2004, quando os trabalhos começaram, foi possível encontrar perto de 280 pessoas. Na retoma dos trabalhos, espera-se que sejam desenterrados cerca de 80.

“Quando identificamos um osso ou um esqueleto fazemos o registo fotográfico, gráfico e tipográfico. O material é recolhido e é preenchida uma ficha com todas as informações. Cada osso é colocado num saco devidamente identificado e é armazenado. Neste momento, estamos a ficar com eles aqui, mas depois serão entregues no depósito municipal para futuras investigações” – explica Sofia Nogueira.

A própria ainda detalha que os corpos encontrados são bastante heterogéneos, na medida em que há uma proporção “equilibrada” de homens e mulheres, assim como todo o tipo de faixas etárias. O diretor do Departamento Municipal de Gestão do Património Cultural refere que o antigo Convento de Santo António da Cidade chegou a ser “usado como hospital”.

Miguel Rodrigues acrescenta que a BPMP só poderá ser ampliada, depois das escavações arqueológicas ficarem concluídas. Ainda assim, salienta que as mesmas não prejudicaram a data de início da obra.

A Biblioteca Pública Municipal do Porto vai ser ampliada, num investimento a rondar os 26,5 milhões de euros.

Fotografia: Guilherme Costa Oliveira – Porto.
PUBLICIDADE - CONTINUE A LEITURA A SEGUIR

PUB
Amanhecer