“O Norte, a região de menor rendimento por habitante do País, foi a que mais contribuiu para o aumento da produtividade do trabalho em Portugal entre 2000 e 2017”, revelou a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
Trata-se de uma “circunstância única na União Europeia (UE), onde as regiões mais desenvolvidas dos diferentes Estados-Membros (regiões-fronteira), maioritariamente as das suas capitais, foram as grandes impulsionadoras desse crescimento”, descreve a CCDR-N, no relatório Norte Estrutura.
A edição especial do Norte Estrutura refere que, “de 2000 a 2017, Portugal ficou marcado por um fraco ritmo de crescimento da produtividade do trabalho – apenas 15,2 por cento, em termos acumulados –, em flagrante contraste com outros países europeus, em particular os da Europa de Leste”.
“A debilidade do ritmo de crescimento da produtividade do trabalho foi especialmente notória e grave no caso da Área Metropolitana de Lisboa, que cresceu apenas 3,3%”, refere o documento.
Em termos comparativos, “a evolução na região do Norte foi bastante mais favorável, tendo registado um crescimento acumulado de 20,0%”, acrescenta.
“Este aumento terá resultado, sobretudo, de processos de reestruturação do seu principal setor de atividade económica, as indústrias transformadoras, com um crescimento de 51,6 por cento,” explica.
Tal corresponde ao “12.º maior crescimento entre as 21 regiões europeias mais industrializadas incluídas no estudo”.
Paralelamente, as indústrias transformadoras “perderam cerca de 150.000 empregos”, adianta a CCDR-N.
Segundo o relatório, “a região do Norte registou ainda perdas de emprego na construção e no setor primário (100 mil e 50 mil indivíduos, respetivamente)”.
O Norte “beneficiou de transferências moderadas de emprego em favor de atividades económicas mais dinâmicas e inovadoras, como é o caso do terciário superior (atividades de consultoria, científicas, serviços de apoio, informação, comunicação, serviços financeiros e seguros)”, onde foram criados 64 mil novos postos de trabalho.
Nos “setores mais indiferenciados (comércio, transportes, restauração e hotelaria)”, registou-se uma criação de 60 mil empregos.
O Norte Estrutura é um documento elaborado pela CCDR-N que faz uma leitura das tendências socioeconómicas da região a médio e longo prazo.