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Casa Natal

Casa Natal

Em mais um mês de lojas históricas, a VIVA! Porto foi conversar com a “Casa Natal”. Desde o porquê do nome, ao que é vendido na casa, a muito mais sobre o espaço, ficamos a conhecer melhor um dos estabelecimentos históricas da cidade Invicta, abrangidos pelo programa “Porto de Tradição”.

Como e quando surgiu a ideia de abrir?

A Casa Natal é muito antiga e abriu em 1900. Dos fundadores originais, já não resta ninguém, naturalmente. Está nas nossas mãos desde 2015 e foi nessa altura que fizemos uma modificação no sentido de a voltar a pôr perto do conceito original. Ou seja, restabelecer o conceito de mercearia fina. Produtos de qualidade, gama alta, tudo aquilo que caracteriza este conceito. No decorrer destes anos, ela mudou de gerência algumas vezes e tinha-se mudado o conceito para pior, infelizmente. 

Trata-se de um negócio familiar?

Sim. O meu pai está no ramo há mais de 50 anos, pelo que se trata de uma continuidade, ainda que não na mesma casa, mas há uma continuidade do mesmo negócio.

O nome tem algum significado?

Tem. O nome prende-se com o facto de, na sua origem a mercearia estar dedicada e especializada no comércio de bacalhau e azeite, entre outras coisas, mas sobretudo estes artigos. Como sabemos, são duas partes fundamentais da celebração do típico natal português. Na sua origem, a especialização era esta, o que deu origem ao nome “Casa Natal”.

Têm funcionários convosco há muitos anos?

O funcionário mais antigo está na loja há mais de 40 anos. Mesmo a equipa que temos neste momento está há mais de 10 anos no estabelecimento. Vieram connosco desde a outra casa que nós tínhamos, seguindo até à Casa Natal. Por isso, é uma equipa com muita experiência, habituada aos processos de trabalho, que acaba por caracterizar o comércio tradicional e a nossa forma de trabalhar na Casa Natal.

O que podemos encontrar no espaço?

Fundamentalmente, podemos encontrar aquilo que é a verdadeira personificação do comércio tradicional. Seja atendimento especializado, pessoalizado, numa gama muito vasta de produtos. Temos mais de 2500 referências de produtos diferentes. Sobretudo, e não é só um clichê, temos uma grande qualidade nos produtos escolhidos. Sem arrogâncias, mas a verdade é que não é qualquer produto que nós escolhemos para vender na Casa Natal. Honramo-nos de ter produtos acima da média. Às vezes, com sacrifício de preço, naturalmente. As pessoas até podem encontrar produtos mais baratos em algumas superfícies, mas há uma grande diferença de qualidade. Nós vamos verificando isso nos próprios comentários que recebemos e o bacalhau é um exemplo claro. Há uma quantidade enorme de clientes que vem cá comprar bacalhau e que dizem que compraram ano passado no Pingo Doce e não tinha nada a ver. Dizem que este é mais caro, mas é muito melhor. A filosofia vai muito por aí. Apostar em produtos de qualidade superior.

O que sente que mudou desde que começou a trabalhar na Casa Natal até agora? A oferta aumentou?

Sinto que, nos últimos 10 ou 15 anos, há um grande peso dos turistas no negócio. É indubitavelmente uma fatia de clientes maior. Especialmente nos meses de maio a outubro. Em novembro a dezembro, a maioria da clientela são nacionais, o que prova o tal efeito natal. Durante o resto do ano, noto que, de ano para ano, há um incremento muito forte dos turistas no peso do negócio que fazemos. Quanto aos produtos, há aqueles clássicos que nunca podemos deixar de ter. Trabalhamos muito a garrafeira nacional, quer a nível de vinhos, quer a nível de vinho do Porto. Trabalhamos muito a conserva de peixe, o que tem muita procura por parte dos turistas. E frutos secos também. É uma especialidade nossa. Depois, há produtos que têm picos de procura, vão baixando e subindo, nós vamos andando à volta do que os clientes procuram.

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Quais as histórias mais caricatas que viveu na Casa Natal?

O que acaba por ser mais vulgar é o peso emocional que o espaço tem para muitos clientes. Sentimos muito isso no Natal, o prazer que as pessoas têm ao vir aqui, em cumprir tradições de uma determinada época. Sentimos que a visita à casa, e ser atendido daquela forma, por aquelas pessoas, faz parte da rotina e tradição que as pessoas gostam de manter. Isso manifesta-se no estado de espírito das pessoas e diria que são os episódios mais reconfortantes e mais congratulantes que acabamos por ter aqui.

Qual é a reação dos turistas quando passam na Casa Natal? Há diferenças destes para os locais?

Ver uma casa como a nossa, com este aspeto visual, com esta forma de venda muito clássica, acaba por ser muito fascinante para os turistas. Não calculam a quantidade de pessoas que cá vêm e nos dizem que não há casas assim no país deles. Ficam fascinados com a organização, com a estética, há um grande fascínio que também se nota nos clientes nacionais. Nos mais jovens e nos mais velhos. Estes também gostam de ver que há coisas que nunca mudam e que se vão sempre mantendo.

Quais são os melhores elogios que já receberam?

As pessoas elogiam-nos, quando dizem que mantemos as coisas sempre arrumadas, gostam da variedade e da qualidade do produto. Valorizam também o contacto pessoal que vão tendo connosco e que continuam a sentir que podem contar com o aconselhamento, com um bom serviço e a sair daqui sempre satisfeitas.

Qual é o fator “X” em relação à concorrência?

É mesmo a pessoa sentir que tem uma experiência de compra diferente. Vir aqui comprar um bom vinho para um jantar de amigos, ou de Natal, é sempre uma experiência diferente de ir a um supermercado, que são casas com procedimentos muito automatizados. Aqui, a pessoa diz o que quer, damos várias opções, depois surgem conversas paralelas, mais pessoais, tanto connosco como entre clientes. Passa muito por aí. Por ser uma experiência diferente e que faz com que os clientes voltem sempre. Temos uma clientela satisfeita e que volta.

Qual é o balanço que faz do espaço, desde que chegou à Casa Natal?

O balanço é bom. Corre bem, dá muito trabalho, temos de estar sempre a ver o que funciona, o que não funciona. Em termos de inventário, é um pesadelo. Para ter tudo nas validades, tudo atualizado, temos 2500 referências e isso dá muito trabalho. Notamos que continua a haver interesse. Tem de se manter viva uma certa dinâmica de produto, de rotação de produtos, de novidades, que faça com que as pessoas continuem a querer cá vir. Manter a qualidade, para que as pessoas cá venham. Adaptando-nos sempre a novas necessidades, como o meio digital por exemplo. Um dos negócios que temos agora e que é muito importante são as degustações para grupos de operadores turísticos. Hoje, por exemplo, temos 8 degustações marcadas, com operadores turísticos da cidade, que fazem food tours. Cada vez mais, a Casa Natal é um ponto de passagem desses food tours. Fazem aqui provas de vinhos, provas de queijos, provas de enchidos, menus variados. Traz à casa um dinamismo e movimento muito interessante. Lá está, foi uma adaptação que tivemos de fazer. Há uns anos, isto nem sequer existia e agora é uma parte importante do negócio. Queremos que isto evolua e podemos dizer que as perspectivas de futuro são boas.

Qual é a importância de serem abrangidos pelo Porto de Tradição?

É muito positivo, acho que foi uma iniciativa muito boa da Câmara. Para além de benefícios financeiros e burocráticos que nos dá, desde isenções a possibilidade de acesso a fundos municipais, que de outra forma não conseguimos fazer, também nos dá prestígio. É algo que nos honra, que nos envaidece e que transmite ao cliente uma garantia de estabilidade e de qualidade da casa. É um selo de garantia muito bom. Começou em 2017 e já há muitas entidades que pertencem. Há um apoio bestial da Câmara. Tem um dinamismo espetacular com isto, com constantes ações de publicidade, de eventos, servem-nos material gratuito. Têm tido um grande trabalho excelente, que é bom para a Câmara e para os estabelecimentos. Acho que é uma parceria muito boa para as duas partes.

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