
O ‘Novo Mundo’ – tema da programação da Casa da Música para 2019 – será revelado, a partir desta sexta-feira, através de um ciclo de concertos dos agrupamentos residentes que explora a música da América do Norte e Sul.
O ciclo ‘Dar Novos Mundos ao Mundo’ arranca esta sexta-feira, pelas 21h, com um concerto da Orquestra Sinfónica do Porto, que interpretará ‘Popol Vuh, La creación del mundo maya’, do compositor argentino Alberto Ginastera, uma obra sobre a mitologia maia e a criação daquele povo. De referir que esta peça nunca foi tocada em Portugal.
Segue-se a Sinfonia n.º9, ‘Do Novo Mundo’, do checo Antonin Dvorak que este compôs em Nova Iorque. Esta peça foi considerada, logo após a sua estreia, a maior obra sinfónica jamais escrita nos Estados Unidos da América.
No dia 18 de janeiro, pelas 21h, a Orquestra Sinfónica volta ao palco da Sala Suggia para “Américas”, uma viagem pela música de compositores como os norte-americanos George Gershwin (“Abertura Cubana”) ou Leonard Bernstein (“Abertura Candide”), antes da estreia em Portugal de “Orion”, do canadiano Claude Vivier, “uma espécie de Pasolini da música, pela biografia conturbada”.
Na segunda parte do espetáculo, o México é explorado através de “Sensemayá”, de Silvestre Revueltas, terminando com “Amériques”, uma obra do francês Edgard Varèse que pede “uma orquestra gigantesca”.
No dia seguinte, pelas 18h, o Remix Ensemble junta-se aos Synergy Vocals para interpretar obras do argentino Mauricio Kagel e estrear outra obra de Claude Vivier, para soprano e ensemble, antes de outro inédito em solo português, da autoria do norte-americano Steve Reich, “Tehilim”.
O Coro Casa da Música encerra o ciclo no dia 20 de janeiro, numa viagem dirigida pelo maestro Paul Hillier que pretende “lançar pontes entre o Velho e o Novo Mundo, e entre o passado e o presente”, com obras dos portugueses Filipe de Magalhães ou Manuel Cardoso, mas também de Arvo Part, Manuel de Sumaya, Abraham Wood ou Julia Wolfe, entre outros.
Também no âmbito deste ciclo, o serviço educativo da Casa da Música apresenta, pelas 16h de dia 19 de janeiro, “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, uma peça com direção artística de Mário João Alves que pretende “imergir no folclore mágico do Brasil” a partir das personagens para crianças de Monteiro Lobato.
E, como já é hábito no início do ano da Casa da Música, o ciclo Casa Aberta vai decorrer entre 16 e 20 de janeiro e vai incluir vários tipos de iniciativas, todas de entrada livre. Este ano, a iniciativa apresenta “uma programação muito mais intensa do que o habitual”, convidando “a visitar parte do espaço a que normalmente o público não tem acesso”.
“Normalmente sentam-se na sala com o concerto ‘já feito’. Queremos mostrar o outro lado da Casa, o invisível e o dia a dia”, explicou à Lusa o diretor artístico da instituição, António Jorge Pacheco.
Vai haver um ciclo de cinema com cineastas das Américas, com curadoria do Cineclube do Porto, e também a realização de ensaios abertos, da Sinfónica e do Remix Ensemble, “com realidade aumentada, uma experiência inédita em Portugal”.
“Vamos fazer esta experiência em ambiente de ensaio exatamente porque em ambiente de concerto fazemos questão de dizer às pessoas que desliguem os telemóveis. Convidamos agora a fazer o contrário, a instalar uma aplicação, e a partir da ‘app’ teremos inúmeras câmaras no palco e o público pode seguir apenas um músico, ou a partitura, ou ler as notas de programa, entre outras coisas, numa realidade imersiva”, explicou.
A Casa Aberta contempla ainda visitas guiadas, espetáculos de danças de raiz americana, ensaios abertos e instalações artísticas, bem como várias palestras que contextualizam os temas e compositores para 2019 e concertos.
O destaque da Casa Aberta vai para a “Noite Non-Stop”, que arranca pelas 22h30 de dia 19 de janeiro e se estende até às 06h30 do dia seguinte, altura em que será “servido chocolate quente aos resistentes”, depois de concertos um pouco por todo o espaço, de nomes como HHY & The Macumbas, Bezegol, Conan Osiris ou o DJ alemão Matias Aguayo.