
A ideia dos promotores da Plataforma Campanhã é transformar um armazém que fica numa rua privada, naquela zona oriental da cidade, num edifício de dois pisos destinado a acolher “a área da indústria da música e da produção audiovisual”, afirmou João Brandão, da ARDA Recording Company à Lusa.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, que esteve presente na apresentação do projeto, afirmou que a autarquia tinha já recebido, “há uns anos”, o acervo da Rádio Renascença (18.000 vinis), já tratado e atualmente na Biblioteca Almeida Garrett, e que há um ano recebeu o da Rádio Difusão Portuguesa (16.000 discos), sendo que, desde então, equacionava como poderia colocar esta coleção à disposição da população.
“Começámos a pensar que este acervo devia ser utilizado para fins educativos, culturais e para aqueles que hoje se interessam pelo vinil. Já não nos interessa ter isso em prateleiras e já andávamos a pensar onde pôr”, disse Rui Moreira, acrescentando que, “quando apareceu este parceiro”, a Câmara percebeu que seria uma boa opção ali instalar a fonoteca.
Segundo o autarca, esta é a possibilidade de “começar a ancorar a cultura em expansão em Campanhã”.
“Tudo isto terá impacto na reabilitação urbana [na zona]. O armazém estava vazio e vai ter uma dinâmica diferente. Vai deixar de ser um armazém para ser um espaço de convívio. Nós passaremos a ser um dos clientes de um condomínio, convivendo e fazendo parte do condomínio. Pareceu-nos [uma solução] interessante, também mais económica, do que estar a montar uma estrutura própria autónoma”, sublinhou Moreira.
João Brandão precisou que, após as obras, que começarão ainda neste trimestre e deverão ficar totalmente concluídas no primeiro trimestre de 2018, o armazém terá 1.250 metros quadrados de área útil, onde serão criados quatro estúdios para gravação, filmagens, gravações de voz de ‘broadcast’ e “um serviço de restauro de áudios obsoletos”.
A Plataforma Campanhã vai poder albergar entre sete a nove empresas destas áreas, sendo que, “neste momento, já há cinco entidades associadas”, disse João Brandão.
O espaço terá também quatro salas de produção, um espaço privativo para os artistas, uma zona técnica e áreas de lazer, como um jardim exterior.
O responsável da empresa promotora adiantou ainda que “Campanhã era o local ideal”, por ser uma “zona com excelentes acessos, bem servida por transportes públicos e muito próxima da Baixa” do Porto, além de, “a curto prazo”, poder vir a ser “um local de referência na cidade”.
Guilherme Blanc, adjunto de Rui Moreira para a área da Cultura, adiantou ainda que o acervo vinil será também divulgado ao público através de uma página da internet própria.