
Rui Moreira admitiu, esta terça-feira, que “mais cedo do que tarde”, a autarquia vai ter de impedir os autocarros de serviços ocasionais de circularem nas zonas mais sensíveis do centro do Porto.
A Câmara do Porto está preocupada com os autocarros de serviços ocasionais que deixam os turistas no centro histórico e depois deambulam, vazios, por ruas congestionadas, à espera do momento para os apanhar de novo. Segundo o jornal Público, na reunião de Câmara desta terça-feira foi discutida uma proposta, do executivo, para a criação de 18 lugares no parque da Alfândega para estes veículos. No entanto, o próprio presidente, Rui Moreira, aceitou retirar a proposta perante as dúvidas e críticas da oposição, chegando a admitir que “mais cedo do que tarde”, a autarquia vai ter de impedir estes veículos de circularem nas zonas mais sensíveis.
A comunista Ilda Figueiredo disse ter “muitas dúvidas” e o socialista Manuel Pizarro considerou a proposta “absurda” e “péssima”. Pizarro chegou mesmo a lamentar que “entre o turismo e as pessoas, a Câmara [do Porto] escolha sempre o turismo”. “Não podemos ter dezenas de veículos pesados no centro histórico, eliminando 90 lugares de estacionamento de veículos ligeiros”, criticou, também, o social-democrata Álvaro Almeida.
Para a vereadora da mobilidade, Cristina Pimentel, a proposta de transformação de uma parte do parque da Alfandega num estacionamento para autocarros turísticos – garantindo 50% dos lugares destinados a ligeiros para avenças de comerciantes e moradores – era uma forma de “mitigar” um problema diário, a que é preciso dar resposta antes do pico de mais um verão. Mas a medida acabaria por merecer reservas do próprio presidente da Câmara.
Segundo o jornal Público, Rui Moreira deu a entender que a estratégia a seguir para resolver o problema da pressão destes veículos na mobilidade do centro da cidade deve contar com um “consenso alargado” na câmara. Além de que, retirar 90 lugares de estacionamento numa zona onde moradores e comerciantes o consideram já escasso, nada impediria os autocarros de continuar a deambular pela cidade, em marcha lenta, ou pararem em segunda fila. Na reunião ainda se discutiu uma solução de circulação alternativa, no entanto o arruamento em causa já não comporta autocarros, que são cada vez maiores.
Para Rui Moreira, o município não deve procurar aumentar a capacidade de estacionamento naquela zona da cidade; defende antes que, no caso destes autocarros, as empresas devem proceder a transbordos para veículos mais pequenos – como sugeriu Álvaro Almeida. O autarca insistiu ainda que a opção dos particulares deve ser pelo transporte público, autocarro ou táxi.