
“A falta de consciência e a instrumentalização de que Angelino Ferreira pode eventualmente ter sido alvo não podem dar lugar a acusações gratuitas e difamatórias, ainda para mais partidarizando a Justiça”, destacou o presidente de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, em comunicado.
Angelino Ferreira disse esta quarta-feira que a investigação à gestão da antiga empresa municipal tem “muita guerrilha política por detrás”, não atribuindo “qualquer credibilidade” à auditoria externa que revelou irregularidades.
“A citada auditoria foi determinada e definida pelo atual presidente da Câmara enquanto Angelino Ferreira era ainda administrador da Gaianima, não se tendo disso queixado o mesmo responsável”, recorda o autarca.
Eduardo Vítor Rodrigues lembra ainda que Angelino Ferreira “apresentou a demissão, talvez por coincidência, quando conheceu os resultados da auditoria, e não quando a mesma foi solicitada”.
“A este propósito, é igualmente importante salientar que, antes da posse do atual executivo, já o Tribunal de Contas promovia uma auditoria ao universo municipal de Vila Nova de Gaia cujos resultados estão alinhados com a auditoria realizada pela empresa”, acrescenta o presidente da Câmara.
Para a autarquia, as declarações do ex-administrador da Gaianima são “absolutamente intoleráveis e reveladoras de uma falta de pudor assinalável”, pelo que foi acionado o Departamento Jurídico do município “para que proceda à abertura de um processo-crime contra Angelino Ferreira, levando até ao limite a reposição dos direitos que a ofensa inerente às suas declarações comporta”.
A Polícia Judiciária realizou na terça-feira buscas à Câmara de Gaia, empresas e domicílios, no âmbito de uma investigação ligada à gestão da Gaianima, extinta em 2015, e, segundo a Procuradoria-Geral Distrital do Porto, ainda não foram constituídos arguidos.
A Câmara de Gaia decidiu em janeiro de 2015 enviar à Procuradoria-Geral da República o resultado da auditoria à empresa municipal Gaianima, que revelou violação da lei dos compromissos e o desrespeito pelas regras de contratação pública.
Em causa estavam contratos de cerca de 4,5 milhões de euros que, de acordo com os auditores, violam a lei dos compromissos (LCPA), sendo por isso considerados impagáveis pela autarquia que pediu à PGR indicações sobre como proceder.
Angelino Ferreira, que apresentou um pedido de renúncia ao cargo em janeiro de 2015, realçou esta quarta-feira nunca ter sido ouvido nem durante, nem depois da realização da auditoria.