
“Em reunião, há cerca de três meses, com a direção da Cinemateca e o Secretário de Estado [da Cultura], ficou claro que não há qualquer tipo de abertura da Cinemateca para que possamos exibir, dizem eles, em condições de segurança cinema internacional no Porto”, revelou Rui Moreira, na conferência de imprensa de apresentação dos princípios estratégicos que vão orientar a reabilitação daquele espaço considerado emblemático da cidade.
O autarca explicou que a câmara pretende que “os programas a apresentar [no Batalha] incluam, e frequentemente cruzem, cinematografias contemporâneas e cinematografias de arquivos, nacionais e internacionais”, e por isso se torna necessário “o envolvimento da Cinemateca”.
Rui Moreira disse ainda ter “esperança” de que, quando chegar o momento certo, “o ministro e o secretário de Estado da Cultura apoiarão a exibição de cinema de arquivo internacional no Porto, desde que salvaguardadas as condições de segurança”.
“O conhecimento, a inovação e a memória” são os três eixos do programa cultural que Moreira quer implementar no Batalha.
“Queremos que o Batalha seja um projeto de aprendizagem e encontro através do cinema do Porto, construído com toda a singularidade. Significa que tem que ser um projeto totalmente conectado com as práticas e com os agentes culturais da cidade, como sempre foi”, disse.
Relativamente aos dois painéis de Júlio Pomar – que foram ali pintados nas paredes do imóvel, mas depois tapados -, o autarca referiu ter já adjudicado “duas sondagens técnicas” que visam “assegurar de forma definitiva que os murais já não existem” e garantiu que “nada será colocado em cima se houver uma preexistência [do trabalho do artista] que possa ser recuperável”.
Segundo Rui Moreira, o Cinema Batalha precisará de uma “equipa de 18 pessoas”, designadamente “um presidente não executivo, que será o presidente da administração da empresa municipal de Cultura” que quer criar, “um diretor geral, que será um dos administradores da empresa, um gestor executivo, partilhado com o teatro municipal”, bem como “um ou dois programadores” e coordenadores técnico, de produção e do serviço educativo”.
“Estes dados estão já considerados no estudo de viabilidade da empresa municipal” a criar, disse, frisando que a Porto Cultura “terá 136 colaboradores”, dos quais “pelo menos 80 serão funcionários da Câmara”.
As obras de reabilitação – orçadas em cerca de 2,5 milhões de euros, somando-se ainda 500 mil euros para equipamentos e mobiliário – deverão arrancar dentro de um ano e a sala estará em condições de reabrir no verão de 2019.
Um ano antes da abertura, a autarquia pretende pôr a equipa a trabalhar, estimando que o seu funcionamento, a manutenção e os recursos humanos “perfaçam cerca de 550 mil euros por ano”.
Construído na década de 1940, o Cinema Batalha fechou duas vezes nos últimos 17 anos. No início do ano, a Câmara do Porto anunciou que assume, durante 25 anos, a gestão do Cinema Batalha, através de um contrato com os proprietários que prevê o pagamento de uma renda mensal de 10 mil euros.
Alexandre Alves Costa, o arquiteto responsável pela reabilitação do espaço, reafirmou esta quinta-feira pretender criar duas salas de cinema (cinema-estúdio, para 150 pessoas, e sala principal), um ‘foyer’, bem como eliminar a Sala Bebé, transformando-a numa sala polivalente com bar e outras valências sociais. Haverá também um elevador com ligação ao terraço do edifício, onde ficará uma esplanada.