O Banco de Cérebros Humanos, o primeiro em Portugal para fins de investigação, funciona há dois anos como projeto-piloto no Centro Hospitalar do Porto (Hospital de Santo António) e já recebeu oito doações, tendo “mais alguns” inscritos, de acordo com o seu coordenador-executivo.
Investigar o sistema nervoso central para poder perceber o que está “por detrás” de, por exemplo, a doença de Parkinson, Alzheimer ou Esclerose Múltipla, é o objetivo deste banco, que efetua a recolha de tecido cerebral de pessoas que tinham doenças neurológicas e que entretanto morreram.
Ricardo Taipa referiu que qualquer pessoa pode ser dadora de tecido cerebral desde que tenha uma doença neurológica e, em vida, se inscreva no Banco de Cérebros Humanos.
“Se o doente está em fase terminal e não tem autonomia para se inscrever, mas a família acredita que gostaria de doar o cérebro para investigação, pode, ela própria, fazer este procedimento”, acrescentou.
O processo não tem qualquer encargo para a família e os tecidos cerebrais são cedidos gratuitamente aos investigadores, uma vez que o banco não tem “fins lucrativos”, tendo apenas de constar nas publicações que as matérias provieram do Banco de Cérebros Humanos do Porto.
Nesta primeira fase, a inscrição e a colheita só são feitas na área do Grande Porto mas “numa etapa posterior, iremos estabelecer protocolos com os vários hospitais para recebermos tecidos cerebrais de doentes de norte a sul do país”, adiantou Ricardo Taipa.
Apesar de ter autorização para receber tecidos cerebrais de dadores saudáveis, o banco ainda não tem programa para poder acompanhar as pessoas e, assim, testar a ausência de doenças neurológicas.
O banco garante a anonimização dos dados para salvaguardar os dadores e a sua família.
Apresentado formalmente, este mês, na Sociedade Portuguesa de Neurologia, o Banco de Cérebros Humanos envolve, além do Hospital de Santo António, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto e o Instituto de Ciências da Vida e da Saúde da Universidade do Minho.
Quinta-feira 27 Novembro, 2014
Banco de Cérebros Humanos do Porto já recebeu oito doações
“A doação de tecido cerebral, ato altruísta dos dadores, vai beneficiar as gerações vindouras”, salientou Ricardo Taipa, coordenador-executivo do Banco de Cérebros Humanos do Porto.