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As (r)evoluções do teatro em Portugal enquanto Beckett não vinha

As (r)evoluções do teatro em Portugal enquanto Beckett não vinha

Nos dias 23, 24 e 25 de março, o teatro português de autor regressa a Matosinhos. “À Espera de Beckett ou Quaquaquaqua”, peça de Jorge Louraço, é uma homenagem a Ribeirinho, o histórico ator, encenador e realizador português.

É impossível não conhecer. Vimo-lo em filmes icónicos como “O Pai Tirano” ou “O Pátio das Cantigas”, e rimo-nos com ele, mas Francisco Lopes Ribeiro, o Ribeirinho, foi também realizador e um encenador premiado, aliando a popularidade à erudição.

“À Espera de Beckett ou Quaquaquaqua”, a peça de Jorge Louraço que sobe ao palco do Teatro Municipal de Matosinhos-Constantino Nery, parte precisamente das três montagens de Ribeirinho para a peça “À Espera de Godot”, de Samuel Beckett, que em 1959 lhe rendeu o Prémio Eduardo Brazão de encenação.

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Estreado no Teatro da Trindade, em Lisboa, no final do ano passado, o espetáculo que assinala o regresso do teatro contemporâneo português ao Constantino Nery é “uma comédia que se opõe à elitização da cultura e do teatro. Cruzando o texto de Beckett com referências à história e aos grandes êxitos cinematográficos da época, encontramos Ribeirinho, outros dois atores e um ponto à espera – não de Godot, mas de Beckett, que deveria assistir a uma récita do espetáculo. O autor irlandês, porém, não aparece. E o ambiente nos ensaios torna-se tenso e desanimado”, revela nota enviada às redações.

“À Espera de Beckett ou Quaquaquaqua” recria, precisamente, as três montagens de “À Espera de Godot” levadas à cena por Ribeirinho.

“A primeira montagem da tradução de Nogueira Santos estreou a seguir às eleições presidenciais de 1958 (aquelas em que o general Humberto Delgado concorreu), em abril de 1959, no Teatro da Trindade, apresentando-se depois em Évora, Coimbra, Porto e Viana do Castelo. Em março de 1969, pouco depois da queda que afastou Salazar do poder, Ribeirinho volta a tentar – e a falhar melhor, diria o autor irlandês – a montagem de Godot. Numa espécie de epílogo africano, o encenador faz uma derradeira tentativa em 1973, com uma companhia itinerante, apresentando a peça em Angola a colonos e militares que permaneciam num império à beira da derrocada”, refere a mesma nota.

Enquanto Beckett não chegava, Riberinho foi transformando e revolucionando o teatro que se fazia em Portugal.

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