“Uma viagem pela história da música britânica” a um “património musical de primeira grandeza” é como António Jorge Pacheco, diretor artístico e de educação da Casa da Música, no Porto, se refere ao Ano Britânico, dedicado ao Reino Unido, país tema de 2017, na apresentação da programação.
O concerto “God Save The Queen” fará as honras de abertura, a 20 de janeiro, com o Coro e a Orquestra Sinfónica a atravessarem diferentes tempos da música britânica como “Lachrimae”, de John Dowland, a suite “Os Planetas”, de Holst, e a estreia de Sir Harrison Birtwistle no nosso país, que será o compositor britânico em residência ao longo do ano, com a obra “Earth Dances”.
Os primeiros quatro dias abrem a Casa da Música ao público, com entrada livre, para assistir a vários showcases de compositores britânicos e a uma conferência sobre “O impacto do Brexit na vida musical britânica” (21 jan) com a presença, entre outros, do musicólogo Tom Service e de Sir Nicholas Kenyon (diretor do Barbican Centre), que debatem as possíveis consequências da saída do Reino Unido da União Europeia na área da música.
Batuta britânica e muitas estreias
Depois da Rússia, é a “intensa e profícua” atividade musical do Reino Unido ao longo dos séculos, a atravessar a nova temporada Casa da Música. Ao longo do ano, serão muitas as estreias com sotaque britânico, nomeadamente, com o acolhimento de músicos da nova vaga como Rebecca Saunders, Julian Anderson, Thomas Adés ou George Benjamin.
No festival Invicta.Música.Filmes, a Orquestra Sinfónica estreia o cine-concerto “Luzes da Cidade” de Charlie Chaplin (11 fev), e o Remix Ensemble acompanha “Nosferatu”, de Murnau, obra-prima do cinema expressionista alemão. A jovem revelação italiana Beatrice Rana, com 23 anos, estreia-se em Portugal ao piano com a primeira etapa da “Integral das Sinfonias de Brahms” (5 mar), num ciclo por onde vai passar o vencedor do concurso Chopin 2015 de Varsóvia, o coreano Seong-Jin Cho (a 7 dez).
A temporada ficará marcada pela recuperação de algumas obras que passaram pelos míticos The BBC Proms, que todos os anos são transmitidos a partir do Royal Albert Hall (30 abr), sem esquecer as polémicas que por lá passaram no concerto “Escândalos nos Proms” (29 abr), como “Panic”, a obra do compositor britânico e mestre britânico Sir Harrison Birtwistle que encerrou o festival em 1995.
A estreia do violionista Tasmin Little chega no final de 2017 (15 dez) com o “Concerto para violino de Benjamin Britten”. No próximo ano, o escocês James Dillon e o português Luís Tinoco serão os compositores em associação da Casa e Ryan Wigglesworth, um dos maestros britânicos mais promissores (37 anos), será o artista em associação, estreando-se na Casa da Música em outubro.
Novos ciclos e preços
Em 2017, e além dos festivais habituais, a Casa da Música terá dois novos ciclos: Humor na Música e Grandes Concertos para Violino (com a britânica Rachel Podger a interpretar Vivaldi, Bach, Handel e Purcell (8 jan), Viviane Hagner a tocar Tchaikovski ou, entre muitos outros, a estreia do Concerto para Violino de Sir Harrison Birtwistle tocado pelo norueguês Peter Herresthal (11 mar).
O ciclo Humor na Música (19-26 set) contará com duas interpretações de “Uma piada musical”, de Mozart, pela Orquestra Barroca e Orquestra Sinfónica. Também em 2017 se estreará o Coro Infantil Casa da Música (a 1 de outubro, Dia Mundial da Música), “uma velha ambição da Casa”, lembra António Jorge Pacheco, que conta com a participação de crianças de escolas do Grande Porto e se encontra numa fase de ensaios.
O preço de bilheteira para os concertos do próximo ano – cujas assinaturas já se encontram disponíveis – foi aumentado em €1 e €2, num processo de “ajuste necessário”, diz o diretor artístico, de forma a ajudar no equilíbrio das contas da instituição. Contudo, e pela primeira vez, os jovens até aos 25 anos pagam metade do valor do bilhete para os concertos de música erudita.{jcomments on}