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Recheio 2024 Institucional

Alexandra Bento

Alexandra Bento
“Comer mal sai caro”

Alexandra Bento é nutricionista porque, na altura da escolha de um curso superior, foi entusiasmada por uma amiga. Hoje Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento não se arrepende do momento em que decidiu ingressar na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto para se licenciar e mais tarde para se douturar – na área das Políticas Públicas da Saúde. Devido ao seu importante papel para a criação da Ordem dos Nutricionistas e para o engrandecimento da profissão de nutricionista, foi distinguida pela Câmara Municipal do Porto com a medalha municipal de mérito com o grau de ouro. Natural de Amarante, mas residente no Porto há muitos anos, sente-se filha adotiva da cidade. Alexandra Bento tem como desígnio maior promover a alimentação saudável e colocar a nutrição no centro das políticas públicas de saúde.

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Quase a candidatar-se ao Ensino Superior, bastou uma conversa com uma amiga que estudava nutrição para Alexandra Bento, a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, perceber que queria ingressar na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto. Natural de Amarante – mas residente na cidade do Porto desde os tempos da faculdade – a Bastonária, quer promover hábitos alimentares saudáveis aos portugueses e promete lutar para colocar, verdadeiramente, a nutrição no centro das políticas de saúde.
Os hábitos alimentares da população portuguesa são uma das principais preocupações da Ordem dos Nutricionistas. “Os portugueses têm uma má alimentação e estão, cada vez mais, a afastarem-se daquilo que são os bons hábitos alimentares”, diz a Bastonária Alexandra Bento. Consciente de que “nunca, como agora, se soube tanto de nutrição” e de que “nunca, como agora, se padeceu tanto de doenças relacionadas com a alimentação”,
Alexandra Bento diz que é necessário desenhar-se uma política para os próximos anos, com um grande horizonte temporal, para que “haja mais saúde à mesa dos portugueses”.
A obesidade, a diabetes ou as doenças cardiovasculares – que representam a maior causa de morte em Portugal – estão todas diretamente ligadas a erros alimentares, por isso, “é preciso agir para melhorar os hábitos alimentares dos portugueses”.
Alexandra Bento defende que “morremos por aquilo que comemos”, explicando que o estilo de vida dos tempos que correm, com o crescente papel da mulher na sociedade, a globalização, a falta de tempo no dia a dia e a baixa literacia em nutrição e alimentação, poderão determinar os maus hábitos alimentares dos cidadãos.

“Somos o que comemos e comemos aquilo que somos”
Para além de concordar com a afirmação “somos o que comemos”, Alexandra Bento acrescenta ainda que “também comemos aquilo que somos”. A Bastonária explica que concorda com a primeira declaração, porque a alimentação determina a saúde das pessoas. “Temos que ter a noção que podemos viver dentro daquilo que está geneticamente programado, mas podemos viver mais e melhor dependendo dos nossos hábitos alimentares.”
A responsável da Ordem dos Nutricionistas defende, ainda, que os hábitos alimentares não começam apenas a partir do momento em que se nasce, mas logo a partir da gestação.
Quanto ao “comemos aquilo que somos”, Alexandra Bento sustenta que o tipo de alimentação de cada um “depende muito daquilo que somos: da literacia, do nível de educação, do gradiente social, do ambiente que nos envolve, da cultura e da capacidade de nos relacionarmos com os outros e com o mundo em que vivemos.”
Alexandra Bento não tem dúvidas que “comer mal sai caro” e que é possível ter uma alimentação saudável com pouco dinheiro. Contudo, reforça que “é verdade que se pode comer caro e bem ou caro e mal. E que se pode comer barato e mal. Mas o que é importante é que todos saibamos como comer bem e barato.”
A Bastonária diz ainda que não são necessários extremos em relação à alimentação e defende que é possível aliar a gastronomia tradicional portuguesa (e do Porto) a uma alimentação saudável. “Há dias especiais em que podemos comer um cozido ou umas tripas. E mesmo no dia a dia é possível transformar um prato tradicional, numa refeição mais saudável, juntando, por exemplo, mais produtos hortícolas”, diz.
A nutricionista acredita que grande parte dos portugueses sabe que a alimentação tem um grande impacto na saúde, mas muitas vezes “não sabem como o fazer, ou não fazem o que sabem”. Perante isto, Alexandra Bento garante que a profissão de nutricionista, que cresceu acentuadamente nos últimos 30 anos, é de importância fulcral na ajuda às populações, de forma a prevenir doenças que são causadoras de uma grande parte das mortes em Portugal (e no mundo).
Segundo a Bastonária, Portugal tem a melhor formação de Nutricionistas da Europa, tendo a Universidade de Porto sido pioneira no ensino das ciências da nutrição, não só em Portugal como também na Peninsula Ibérica.
Atualmente existem mais duas Universidades privadas que lecionam a licenciatura em ciências da nutrição, e por isso o Porto é o berço da profissão de Nutricionista, contribuindo para a sua implementação na sociedade como uma profissão forte, firme, credivel e suficientemente humilde e sonhadora.
Assim, o destaque desta profissão deu-se quando se percebeu que era importante não só tratar a doença como também preveni-la, promovendo a saúde, fazendo o controlo de qualidade e da segurança alimentar, investindo na inovação alimentar, investigando e ensinando esta área da saúde.
O número de nutricionistas em Portugal ronda, atualmente, os três mil profissionais, no entanto, no Serviço Nacional de Saúde (SNS), que contempla os hospitais e os centros de saúde, trabalham apenas quatro centenas. Sendo que destas, três centenas estão nos hospitais e apenas uma centena nos centros de saúde.
Alexandra Bento tem vindo a destacar que este número de nutricionistas no SNS é insuficiente e afirma que esta é uma luta que a Ordem quer ganhar o mais rapidamente possível. “Achamos que este número é, insuficiente. Mas é alarmante o reduzido número de nutricionistas nos cuidados de saúde primários”, alerta a Bastonária.
Alexandra Bento, que já transmitiu ao Ministério da Saúde esta situação, explica que é nos cuidados de saúde primários que é feita a prevenção da doença e a promoção da saúde, para que no futuro o número de doenças relacionadas com a alimentação seja diminuto.
“Se não houver nutricionistas nestes cuidados, não conseguiremos fazer com que a população tenha melhores hábitos, que as crianças se alimentem melhor, que as escolas ou as empresas possuam uma melhor oferta alimentar e que as autarquias sejam promotoras de saúde através da alimentação”, diz a Bastonária, acreditando que a cultura de proximidade, entre os profissionais e o cidadão, é de grande importância. Por isso, Alexandra Bento justifica a necessidade de existirem nutricionistas nas escolas, que é recomendada na Resolução da Assembleia da República nº 67/2012, de 10 de maio, mas que tarda em ser implementada.
A Ordem dos Nutricionistas pretende, no próximo ano, avançar com um estudo sobre os hábitos alimentares nas escolas e iniciar um projeto-piloto de educação alimentar, num estabelecimento de ensino, visando o que deve ser o “bom comer” dos mais pequenos. A Bastonária revela que a Ordem irá apresentar ao Governo propostas concretas para a melhoria dos hábitos alimentares nas escolas.
“Sabemos que há recomendações para a oferta alimentar nas escolas. No entanto, nem sempre existe a verificação do seu cumprimento, acrescentando que é necessário averiguar o que as crianças, de facto, comem”, diz.
Alexandra Bento explica que as crianças nem sempre comem o que é fornecido pela cantina da escola, porque não têm bons hábitos alimentares incorporados. “E se o Estado português fornece refeições e se, no final, as crianças acabam por não consumir uma parte essencial, então estamos a desperdiçar duplamente: dinheiro público e a saúde das nossas crianças.”
O Governo tem preparado para o Orçamento de 2017 uma nova taxa sobre os refrigerantes. A Ordem dos Nutricionistas mostra-se favorável a esta taxa, uma vez que os estudos realizados provam que a taxação de alimentos não saudáveis faz diminuir o seu consumo.
A Bastonária defende, ainda, que o valor arrecadado com esta nova taxa terá que ser canalizado diretamente para a causa em concreto, ou seja, para a prevenção da obesidade e a promoção de uma alimentação saudável.
Alexandra Bento revela que pretende que os portugueses tenham “uma mesa mais saudável”, acrescentando que, para isto acontecer, é necessário que exista uma grande vontade política de operacionalização. “Percecionamos que o Governo já compreendeu que para ter ganhos em saúde, necessita de colocar a nutrição na agenda”, diz a Bastonária. “Estamos a ver alguns avanços nesse sentido, mas queremos ver medidas no terreno”, salienta.

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