O projeto da Gare Fluvial do Cais do Cavaco, no Porto, continua sem avançar devido à falta de financiamento, mas não foi esquecido, conforme assegura o arquiteto Carlos Castanheira em entrevista ao Porto Canal.
A obra, projetada por Álvaro Siza e pelo próprio arquiteto, está atualmente “em stand-by”. Estima-se que o custo total do projeto, que levaria dois anos a ser concluído, ultrapasse os 50 milhões de euros.
Com o objetivo de restaurar a Ribeira de Gaia à sua função histórica e devolver a frente ribeirinha à população e aos turistas, a Gare Fluvial visa libertar o espaço que atualmente ocupa.
Segundo Carlos Castanheira, a construção foi pensada para se adaptar às exigências do local, incluindo o uso de tijolo burro no revestimento, para facilitar a manutenção e garantir a durabilidade da estrutura. A gare será erguida sobre uma plataforma de betão branco, elevada de forma a acomodar as correntes do rio Douro e obedecer às normas de construção à beira-rio, que incluem uma altura mínima de segurança.
Apesar de o projeto ter recebido aprovação condicionada por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), há ainda aspectos que estão a ser discutidos, como a altura do edifício e o material das passadeiras.
Castanheira reflete que o uso de cubos de granito pode ser vantajoso, uma vez que este material oferece durabilidade e contribui para a desaceleração do tráfego. A APA recomendou, porém, uma reconsideração sobre o uso dos cubos de granito, argumentando que podem aumentar os níveis de ruído e vibração na área.
O edifício, com dois pisos, terá no piso térreo uma área para o público, permitindo múltiplos usos durante a época baixa, como eventos e exposições. Já o primeiro piso será destinado a zonas administrativas e a espaços de restauração, acrescentando valor tanto para os residentes quanto para os visitantes da área. Contudo, o local escolhido é alvo de críticas por parte de moradores e grupos como o MovRioDouro, que questionam a sua adequação.
Em resposta, Castanheira destaca que a gare poderia ter um impacto semelhante ao da Alfândega do Porto em Miragaia, transformando-se numa peça central da revitalização da zona ribeirinha. (via Porto Canal)
Além do financiamento, a estrutura e o design do edifício ainda poderão ser ajustados. Estão em andamento estudos para que o projeto possa ser menos volumoso e que ofereça outras funções, mantendo-se de acordo com o compromisso da APDL de tornar a área mais acessível e atrativa, resgatando o espírito da Ribeira de Gaia.
Por agora, o projeto permanece em fase de análise, enquanto a APDL avalia a viabilidade financeira e o impacto ambiental da futura Gare Fluvial do Cais do Cavaco, esperando-se que, uma vez concretizado, contribua significativamente para a dinamização da frente ribeirinha e para o desenvolvimento cultural e turístico de Gaia.