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Afinal quem está e quem pode estar no Panteão Nacional?

Afinal quem está e quem pode estar no Panteão Nacional?

Conhecido de todos os portugueses, o Panteão Nacional acolhe nas salas tumulares do seu interior várias personalidades importantes para o país, entre as quais, presidentes da República, escritores e artistas. Apesar de ser um local muito visitado e falado nos meios de comunicação, poucos conhecem toda a sua história.

Este edifício demorou quatrocentos anos para ser construído, tendo dado origem ao adágio popular, “obras de Santa Engrácia”, para quando se pretende referir algo que nunca mais acaba. A igreja de Santa Engrácia, ou Panteão Nacional, começou por ser construída no século XVI, pela Infanta Dona Maria, filha de D. Manuel I, mas nunca teve culto nem cumpriu o seu fim.

Segundo a página oficial do monumento, foram várias as vicissitudes sofridas pela igreja e exemplo disso é o facto desta permanecer sem cobertura, até ao início dos anos 60 do século XX, “altura em que o regime do Estado Novo decide terminar o edifício e dar continuidade à lei de 1916, a qual determinara a adaptação do templo a Panteão Nacional”.

“A decisão política procurava servir-se da imagem do monumento que, teimosamente, permanecia por terminar, ao longo de várias gerações, para provar a capacidade do regime na resolução eficaz de desafios”, refere a plataforma.

Assim, “em pouco mais de dois anos”, foi projetada uma dupla cúpula em betão, revestida de pedra lioz, o interior foi restaurado e trasladaram-se os restos mortais das personalidades a homenagear. A 7 de dezembro de 1966, “por ocasião do quadragésimo aniversário do Estado Novo, Santa Engrácia – Panteão Nacional era inaugurado”, precisamente no mesmo ano “em que a Ponte sobre o Tejo passava a unir Lisboa a Almada”.

O Panteão Nacional, localizado em Lisboa, guarda, assim, os túmulos de alguns portugueses notáveis, que espalharam o nome do país pelo mundo, independentemente da sua área de atuação. No total são 19 os túmulos presentes, mas apenas 12 personalidades se encontram efetivamente lá sepultadas.

Quer isto dizer que sete dos túmulos, que estão no monumento, se tratam apenas de uma homenagem. Luís Vaz de Camões, considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa e mesmo dos maiores da Humanidade, Pedro Álvares Cabral, navegador português que descobriu o Brasil, e Aristides de Sousa Mendes, que concedeu milhares de vistos a judeus e permitiu que estes se salvassem, são algumas das personalidades homenageadas.

Já os portugueses de facto sepultados no Panteão são os Presidentes da República, Manuel de Arriaga, Teófilo Braga, Sidónio Pais e Óscar Carmona; Almeida Garrett, escritor e político, nascido no Porto; Aquilino Ribeiro, romancista; Guerra Junqueiro, poeta e escritor; João de Deus, poeta lírico e Humberto Delgado, símbolo da luta contra a ditadura salazarista e fundador dos Transportes Aéreos Portugueses (TAP).

Amália Rodrigues é outros dos nomes presentes no monumento. A fadista e atriz, nasceu na freguesia da Pena, em Lisboa, protagonizou vários filmes e foi a figura principal na peça «A Severa» (1954).

No entanto, é como «Rainha do Fado» que se “torna mundialmente conhecida, distinguindo-se tanto pela qualidade do seu timbre vocal e das suas interpretações como pelos contributos prestados para a história daquele género musical, ao introduzir a novidade de cantar poemas de autores portugueses consagrados, de Camões a Ary dos Santos”, lê-se na página.

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“Dona de uma voz soberba, com uma carreira internacional brilhante, jamais igualada por qualquer outro artista português, Amália foi uma das grandes cantoras do século XX”. Os contributos que deu para a difusão da cultura e da língua portuguesas em todo o mundo, de Paris a Tóquio, da União Soviética aos Estados Unidos, fizeram dela uma das mais reconhecidas embaixatrizes de Portugal.

Muito acarinhado pelos portugueses, e pelos benfiquistas em especial, Eusébio da Silva Ferreira, faleceu a 5 de janeiro de 2014 e foi trasladado para o Panteão Nacional a 3 de julho de 2015.
Eusébio foi considerado um dos melhores jogadores de futebol do século XX, devido ao “seu extraordinário desempenho, velocidade, técnica e remate fortíssimo”, que lhe valeram a alcunha de Pantera Negra.

De 1961 a 1973, integrou a seleção portuguesa e em 1966 foi o melhor marcador do Campeonato do Mundo, em Inglaterra, sendo reconhecido como um dos melhores marcadores de sempre do futebol mundial. Em 1965 ganhou a Bola de Ouro – Melhor Jogador Europeu, sendo que foi também primeiro jogador a ganhar a Bota de Ouro, em 1968, feito que repetiu em 1973.

No Panteão Nacional é também possível ver o túmulo de Sophia de Mello Breyner Andresen, uma das maiores poetizas do país, nascida no Porto a 6 de novembro de 1919. “Foi na Quinta do Campo Alegre, atual Jardim Botânico do Porto, e na praia da Granja que viveu a sua infância e juventude e onde terá recebido influências decisivas para a sua obra”.

Entre 1944 e 1997, publicou 14 livros de poesia, nos quais privilegiou temas como a Natureza – com destaque para o mar, a sua beleza e os seus mitos. Dedicou-se ainda à prosa, escrevendo contos, peças de teatro e histórias para a infância.

Em 1999 foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário em Portugal: o Prémio Camões.

Conhecendo um pouco melhor a história deste edifício e sabendo que importantes personalidades da história e cultura portuguesa aí se encontram sepultadas, importa perceber quem afinal pode estar no Panteão Nacional.

De acordo com a lei, as “honras do Panteão” destinam-se “a homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”.

A trasladação é um ato que só pode ser aprovado pela Assembleia da República e tem que ser assinado, pelo Presidente da República, um termo de sepultura.

Fotos: Página oficial Panteão Nacional

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