Na cidade do Porto, já se sabe que o São João configura a principal festa da cidade. Todos os anos, são milhares (e milhares) de pessoas que vêm do Porto e de outras regiões, para aproveitar uma festa emblemática e profundamente enraizada na história da cidade.
No entanto, as festas de São João nem sempre foram como nós as conhecemos. Conforme nos explica a Ágora, muito antes de ser uma festividade religiosa, o São João era um evento de natureza pagã ligado à adoração solar e aos ciclos agrícolas.
Esta celebração remonta ao século XIV e marcava um momento de gratidão pelas colheitas e pela fartura. Com o passar do tempo, tal como sucedeu com outras tradições populares, a Igreja Católica apropriou-se do ritual, dando-lhe um novo significado ao associá-lo ao nascimento de São João Batista, a 24 de junho.
Apesar da atual dimensão religiosa e popular, a origem do São João no Porto está ligada ao solstício de verão. Um dos antigos costumes consistia em adquirir um alho-porro, que era depois colocado na parede principal da casa como amuleto de boa sorte, permanecendo lá durante todo o ano até ser substituído na festa seguinte.
Na véspera de São João, a 23 de junho, era habitual ver grupos inteiros a sair dos bairros portuenses em direção às Fontainhas, onde se concentravam para admirar a emblemática cascata. Pelo caminho, compravam aos agricultores não só o alho-porro, mas também vasos de manjerico e ramos de cidreira e cravos, todos com valor simbólico.
A título de curiosidade, e tal como refere a mesma fonte de informação, foi apenas no século XX que o dia 24 de junho foi oficializado como feriado municipal na cidade do Porto, permitindo aos habitantes celebrar livremente a data.
Registos históricos revelam que estas celebrações já existiam no século XIV, sendo mencionadas por Fernão Lopes, o cronista régio.
Já no século XIX, mais concretamente em 1851, a imprensa relatava que cerca de 25 mil pessoas enchiam as ruas entre os Clérigos e a Rua de Santo António. Anos depois, em 1910, o programa das festas incluía até um concurso equestre, que contou com a presença do infante D. Afonso.
Os anos passaram e a tradição perdura. Em 2025, o São João continua a ter muita expressão no Porto, sendo conhecido pelas típicas “marteladas”, manjericos, rusgas, cascatas e claro… animação!
Foto: (via Ágora)
