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“A Poesia está na Rua”

“A Poesia está na Rua”

Mas não é a primeira vez que o escritor serve de inspiração à autarquia tirsense. Qual a razão deste “regresso” a Manuel António Pina?”. Ora, a resposta é simples: “com toda a gente a pensar como toda a gente ninguém pensava nada diferente”.

Recuperar “a esperança no futuro” português

O título da iniciativa – em alusão ao livro infantil do autor – “não foi coincidência”, tal como reconheceu Alberto Serra, comissário do evento, na apresentação do programa de 2013 de “A Poesia está na Rua”. Além de ser “a primeira obra que Manuel António Pina lança – e que mais tarde viria a ser vista como uma pedrada no charco, no sentido em que ele introduziu uma nova forma de contar historias aos mais pequenos”, – os organizadores encontraram na designação genérica “país das pessoas de pernas para o ar” uma oportunidade de desafiar os portugueses a olharem para a sua própria nação, de forma a recuperarem a esperança no futuro.

poesia3Assim, depois de ter sido homenageado pela câmara de Santo Tirso em 2006, quando o tema da iniciativa foi “A Poesia faz bem à Saúde”, o escritor será a figura central de uma “festa” que contará com a presença de apreciadores, grandes amigos e estudiosos da obra do poeta. “Esta é também uma oportunidade de levarmos a todo o concelho e ao país algumas das facetas da obra e da vida de Manuel António Pina”, acrescentou o organizador, adiantando que a Fábrica de Santo Thyrso vai ser palco da apresentação, no dia 20 de abril, de uma “obra de dimensão nacional” que reúne as crónicas do Prémio Camões de 2011, num trabalho do ensaísta Sousa Dias.

Logo na abertura do evento, às 21:00 horas do dia 21 de março, será inaugurada a exposição “O uniVerso Pina”, que apresenta correspondência trocada com poetas, escritores, críticos e amigos, desenhos originais para capas, pinturas, poemas inéditos e outros com várias correções manuscritas, provas completas, maquetas de livros, recortes de reportagens, fotografias e caricaturas. A mostra estará disponível até ao dia 21 de abril, no mesmo local, de segunda a quinta-feira das 9:00 às 17:15 e às sextas-feiras das 9:00 às 15:00 horas. “Todos nós, como leitores, sentimos um grande vazio com a falta de Manuel António Pina. Acho até que muitas das pessoas que liam o Jornal de Notícias [no qual o escritor trabalhou mais de 30 anos] começavam pela crónica. Esta exposição mostra, no fundo, aquilo que era o escritor nas suas diferentes vertentes: a sua relação com os amigos, os animais, o jornalismo e a poesia”, descreveu Alberto Serra.

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Uma hora depois da abertura da exposição, às 22:00 horas, haverá o recital “a dor dói o boi muge”, pelo Sindicado de Poesia de Braga, que fez uma “difícil seleção” dos poemas do escritor. No sábado seguinte, dia 23 de março, o Salão Nobre da autarquia vai acolher uma cerimónia pública de tributo a Manuel António Pina, que contará com a presença do crítico literário, docente e ensaísta Osvaldo Silvestre, do realizador e ilustrador João Botelho – que ilustrou os primeiros livros do poeta – e ainda das filhas do escritor.

poesia2“Exaltar a alegria, a inteligência” e os “vários Pinas”

Com o tributo ao escritor, o evento “A Poesia está na Rua” pretende “exaltar a alegria, a inteligência e a sabedoria” do portuense. “Ele costumava dizer que nós somos vários. E são esses vários Pinas que ainda estão por descobrir que nós queremos mostrar às pessoas para que elas se aproximem e redescubram, em cada trabalho, livro, palavra e fotografia, esse universo”, realçou Alberto Serra.

A programação integra ainda workshops de escrita criativa de poesia, nomeadamente nas Escolas Básicas de Cense e de Quintão, estendais de poesia, recitais, exposições, momentos de poesia e café e a exibição dos “filmes da vida” de Manuel António Pina: “A noite do caçador” (Charles Laughton), “A palavra” (Ordet), “Aniki Bóbó” (Manoel de Oliveira) e “A Terra vista da Lua” (Pier Paolo Pasolini). O comissário salientou ainda que os convidados foram “escolhidos a dedo”. “Há escritores e poetas cuja obra é indiscutivelmente de grande qualidade mas o homem não acompanha a sua grandeza. Felizmente para todos nós, Manuel António Pina deixa também um rasto de profunda saudade pelo que era enquanto ser humano e é isso também que queremos exaltar com esta iniciativa”, acrescentou, confessando que a organização esperar receber muitos visitantes de fora de Santo Tirso, nesta homenagem ao escritor que não tinha medo do fim.

Texto: Mariana Albuquerque

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