
A Casa Marta Ortigão Sampaio, no Porto, prepara-se para inaugurar a sua próxima exposição temporária no dia 30 de maio, sexta-feira, com uma seleção rara de fotografias tiradas por mulheres que marcaram o início da prática fotográfica em Portugal.
Intitulada “O que elas viram, o que nós vemos. Fotógrafas Amadoras em Portugal, 1860–1920”, a exposição reúne 134 provas originais, além de álbuns e publicações da época, e dá visibilidade ao trabalho de Margarida Relvas, Mariana Relvas e Maria da Conceição de Lemos Magalhães.
Fruto de uma colaboração entre o Museu e Bibliotecas do Porto e o Museu Nacional de Arte Contemporânea, esta exposição procura valorizar a produção fotográfica feminina esquecida ou pouco conhecida, num período em que a fotografia ainda dava os primeiros passos como arte e meio de expressão pessoal (via Câmara do Porto).
Com curadoria de Susana Lourenço Marques e Emília Tavares, o projeto parte da investigação desenvolvida no âmbito do WomenPhotPT, que visa mapear a presença e o contributo de mulheres na história da fotografia em Portugal.
A passagem pela Casa Marta Ortigão Sampaio antecipa a apresentação futura desta exposição em Lisboa, no Museu Nacional de Arte Contemporânea, onde estará patente entre setembro de 2025 e fevereiro de 2026.
Para além de destacar o percurso das três autoras, a exposição permite também o reencontro com obras das irmãs Aurélia e Sofia de Sousa, que voltam a ocupar o espaço da casa-museu após o encerramento da exposição “Para Aurélia: Desenhos de Fuga”.
O trabalho exposto revela múltiplas facetas da produção fotográfica da época: retratos de estúdio, paisagens e naturezas-mortas com uma forte carga estética romântica, que mais tarde evolui para uma linguagem mais pictorialista.
Com explica a autarquia, Margarida e Mariana Relvas, ligadas a Carlos Relvas — figura da fotografia oitocentista —, desenvolveram obras que, apesar de amadoras, foram reconhecidas ainda em vida pelas fontes da época. Mariana, em particular, surge também como coautora de várias imagens do álbum Hespanha França e Suissa (1889), realizado com o marido.
Já Maria da Conceição de Lemos Magalhães destacou-se, no início do século XX, pela consistência e inovação do seu olhar. Com especial atenção à paisagem, à vida rural e à figura feminina em cenários naturais, posicionou-se como uma referência do movimento pictorialista nacional, dialogando com tendências internacionais do seu tempo.
A exposição pode ser visitada de terça a domingo, entre as 10h e as 17h30, e constitui uma oportunidade rara de mergulhar no olhar sensível e criativo destas mulheres, que agora passam a ocupar o lugar que lhes é devido na história da fotografia portuguesa.
Mais informações disponíveis no site oficial do Museu do Porto.