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A batalha da economia vai ter que ser ganha

A batalha da economia vai ter que ser ganha

A pandemia covid-19 constitui uma crise sanitária global, de efeitos dramáticos na saúde, na economia e no plano Social. Tudo foi feito, e bem, para salvar vidas e evitar o colapso do Sistema de Saúde no combate a esta pandemia.

A paralisação de grande parte da economia veio, naturalmente, provocar um efeito devastador no plano social. Em especial, as pessoas de idade mais avançada, muitas das quais vivendo em condições de grande vulnerabilidade, viram o seu padrão de vida totalmente alterado, impedidos de conviver com filhos, netos e amigos, para cumprirem as recomendações das autoridades de saúde, evitando a propagação da doença nas faixas etárias onde ela tem impacto mais letal.

Os mais sérios problemas na economia, sentem-se agora de uma maneira mais viva. Todos os países se fecharam e Portugal viu afetada uma componente muito importante da sua economia, o Turismo, que representa cerca de 15% da nossa riqueza (PIB).

O comportamento dos consumidores alterou-se. Vão passar a gastar menos, porque estão com medo, o que só será atenuado com a disponibilidade de terapêuticas eficazes no tratamento da doença e, sobretudo, com a descoberta e difusão ampla de vacinas.

Surpreendeu-me muito positivamente a resposta sincronizada dos países europeus, disponibilizando medidas de apoio social e financeiro, para compensar o impacto que a economia viria a sofrer com a sua paragem forçada. Seguiu-se a aprovação do primeiro pacote de apoios da União Europeia, para compensar o efeito do desemprego provocado, dos efeitos sobre os sistemas de saúde no combate à pandemia, bem como, apoios ao investimento de empresas por parte do Banco Europeu de Investimento.

No plano nacional, todos os Estados vieram a tomar medidas, para atenuar os custos das empresas que tiveram que reduzir dramaticamente a sua atividade, com esquemas de “lay-off”. Por outro lado, aprovaram moratórias no cumprimento de obrigações fiscais, estimulando, também, o sistema bancário a conceder moratórias aos créditos concedidos a empresas e famílias. Do mesmo modo, criaram mecanismos para atenuar o efeito do não pagamento atempado de rendas. Houve, pois, um ajustamento muito rápido que permitiu “dar oxigénio” para poder enfrentar uma rutura tão radical como esta.

Na última crise que vivemos, em 2007/2008, que foi, sobretudo, financeira, os países que não usaram medidas mais arrojadas tiveram um aumento brutal no desemprego. Foram precisos 10 anos para recuperar de tal situação. Agora, aprendendo com a lição do passado, foi decidido injetar fortemente liquidez na economia, evitando, da maneira mais agressiva, que o desemprego alastrasse e dando tempo para respirar, para que a economia normalize, em suma, para que possa regressar mais rapidamente ao caminho anterior.

A estratégia adotada por Portugal foi claramente positiva. Tomaram-se medidas firmes para assegurar o isolamento das pessoas, evitando a propagação do vírus, fechando fronteiras, encerrando o ensino presencial em escolas e universidades e consagrando, na medida do possível, o teletrabalho. Assim, evitou-se que os grandes hospitais públicos vissem esgotada a sua capacidade com a decisão tomada de só serem internados os casos mais problemáticos e, naturalmente, sempre respondendo a todos os que exigiam a utilização de cuidados intensivos. Todos os outros doentes foram isolados nas suas casas, com devido apoio clínico.

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Foi determinante o consenso entre os três órgãos de soberania, Presidência de Republica, Assembleia da República e Governo, sempre alinhados quanto às principais medidas inicialmente tomadas.

Os profissionais de saúde deram uma resposta extraordinária em capacidade de organização e gestão, em competência e total entrega à sua decisiva missão, como todos têm reconhecido.

O poder local teve um papel muito proactivo e procurou preparar as suas áreas de influência para o pior, o que felizmente não aconteceu.

Muitas das nossas empresas reorientaram a sua atividade para responderem, nomeadamente, às necessidades de equipamentos de proteção de profissionais de saúde e outros, produzindo, ainda, máscaras hospitalares ou de utilização generalizada.

Notável foi, também, a resposta da Ciência na produção de testes ou no desenvolvimento de projetos de investigação de adequadas terapêuticas e da vacina. O caso imediato mais paradigmático foi o da produção de ventiladores invasivos pelo CEiiA, em apenas dois meses.

Agora, a batalha da economia, para ser ganha, vai exigir que o nosso país apresente uma estratégia convincente para poder aproveitar do Plano de Recuperação que a União Europeia deverá aprovar, no próximo Conselho Europeu. Vamos poder dispor de acesso a recursos financeiros de incalculável dimensão, que deverão ser usados para dar um salto qualitativo na modernização do país, a começar na organização central e local do Estado, na valorização dos sistemas de Saúde e Educação, bem como, em especial, no reforço da competitividade do país.

Muito acredito na capacidade inovadora do nosso sistema produtivo, bem demonstrada no mais recente Painel Europeu de Inovação, elaborado pela Comissão Europeia e divulgado muito recentemente. Nesta avaliação, Portugal passou a integrar o bloco dos Países Fortemente Inovadores, lado a lado com a Alemanha e a França, entre outros. Especial significado atribuo à circunstância de Portugal ter sido classificado em primeiro lugar, no que respeita às nossas PME’s inovadoras.

Artur Santos Silva
Presidente Honorário do BPI

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