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68 anos de Cineclube

68 anos de Cineclube

A entidade decidiu, assim, organizar, esta sexta-feira, um jantar de angariação de fundos destinado a reunir a verba necessária à preservação do seu espólio. A iniciativa, inserida no programa de comemoração do aniversário do CCP, vai realizar-se precisamente no museu vizinho, englobando a projeção de um filme e música ao vivo.

Sessenta e oito anos… “de pessoas”

Falar do Cineclube do Porto é, segundo o seu presidente, José António Cunha, falar das próprias gentes. “Há uma longa história construída que está muito intrincada na sociedade. Nestes 68 anos de atividade, destaca-se o profundo entrosamento do cineclube na cidade e o reconhecimento público da sua importância”, sublinhou, em declarações à Viva, acrescentando que, em mais de seis décadas de existência, “foram centenas as pessoas que aprenderam a ver e a apreciar cinema nas sessões do cineclube”. Por isso mesmo, sublinha, “68 anos de trabalho representam 68 anos de pessoas”.

cineclube2Para o responsável, há também que salientar o importante espólio que o cineclube foi reunindo ao longo do tempo, dando origem a “uma das bibliotecas especializadas em cinema mais completas do país”, que contribuiu “para o avanço” do setor em Portugal. O acervo do cineclube do Porto é composto por “livros, filmes, fotografias, equipamento de projeção e filmagens e uma grande coleção de revistas”.

O caráter único de determinados elementos é um dos fatores destacados por José António Cunha. “Existe toda uma documentação (correspondência, discursos, documentos internos) que está ligada diretamente às pessoas e que, por isso, não se pode encontrar em lado nenhum. Se considerarmos que estamos a falar de pessoas às quais o tempo atribuiu um papel importante na construção da nossa história, então, daí resulta a importância de todos estes documentos”, realçou o presidente da entidade. Por outro lado, acrescentou, “todo o acervo bibliográfico ganha um caráter único no momento em que se constata que, num raio de muitos quilómetros, não existe nenhuma outra oportunidade para consultar este tipo de referências”.

A proteção destes “tesouros”, que o CCP quer mostrar à Invicta, exige todo um processo de tratamento, recuperação e organização orçado em 20 mil euros e que “está estruturado tendo em vista várias fontes de financiamento”, nomeadamente a angariação de donativos particulares e concursos a apoios públicos e privados”. Aliás, o Cineclube do Porto apresentou uma candidatura a um concurso da Fundação Calouste Gulbenkian que, segundo o presidente, “seria extremamente importante para consolidar este processo”.

cineclube3Sede em “elevadíssimo estado de degradação”

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Em tempo de aniversário, a resolução dos problemas existentes no edifício onde funciona o cineclube é outro grande desafio. Tal como explicou José António Cunha à Viva, a sede do CCP “está num elevadíssimo estado de degradação, ao ponto de os serviços municipais do Porto terem declarado já por duas vezes que não estavam reunidas condições de higiene e segurança no local”. A cobertura do prédio está danificada, havendo já infiltrações no primeiro andar, onde funciona a entidade. Na origem da degradação está, segundo o responsável, a ausência de “qualquer preocupação”, por parte dos senhorios, na resolução dos problemas, que se arrastam há anos. “Várias direções do cineclube tentaram resolver a situação, sem sucesso”, lamentou.

Assim, apesar da “abertura” demonstrada pela “Direção Municipal da Cultura/Câmara Municipal do Porto para encontrar uma solução”, a verdade é que o Cineclube do Porto ainda não tem uma estratégia definitiva à vista. Por isso, a entidade tem investido no “diálogo com outros parceiros que se encontram igualmente disponíveis para ajudar a encontrar uma solução”, sendo que, tal como notou o responsável da direção, a permanência nas atuais instalações “depende essencialmente da vontade dos senhorios” de realizarem obras de fundo que “permitam um funcionamento digno do cineclube”.

cineclube4Para além da preservação e organização do acervo e da resolução da questão da sede, a lista de desafios assumidos pelo CCP inclui também o reforço da programação do cineclube. Neste momento, a histórica estrutura portuense, que chegou a ter mais de três mil sócios no final da década de 70, promove projeções de cinema, sejam regulares (no Cinema Passos Manuel), ao ar livre (no Museu Soares dos Reis ou na Feira do Livro), ou em parceria com outras entidades como a Medeia (no Auditório do Campo Alegre). Em 2012, o cineclube lançou o projeto “Mapas de Cinema”, que propõe visitas e passeios por “locais de rodagem de filmes e edifícios importantes para a história do cinema no Porto que é, muitas vezes, a história do cinema português”.

Aniversário assinalado com duas sessões de cinema

O jantar dos 68 anos do Cineclube do Porto começará com a apresentação do filme-concerto – “A propos de Nice”, de Jean Vigo, às 20:00 horas. Trata-se, de acordo com José António Cunha, de um filme “que torna muito evidentes alguns aspetos caracterizadores do que é o Cineclube do Porto”. “A cópia que será projetada foi comprada pelo Museu Nacional de Soares dos Reis na década de 70, quando se pretendia constituir a Cinemateca do Museu Soares dos Reis. É o resultado da proximidade do MNSR como Cineclube”, salientou. Além disso, notou, é uma obra que se enquadra “no perfil de programação” do CCP, “um filme clássico que se apresenta de forma aberta, procurando o encontro com o público que estiver presente”. No sábado, 13 de abril, o Cinema Passos Manuel vai também abrir as suas portas à cerimónia comemorativa, com a projeção de um filme escolhido pelo Arquivo Alexandre Alves Costa, pelas 22:00 horas.

Texto: Mariana Albuquerque |  Fotos: Cineclube do Porto

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